Polícia

Filho agride pai com golpes de marreta e facadas em Cariacica

Crime aconteceu na noite desta quinta-feira, dentro da casa da vítima, no bairro Vila Graúna. O suspeito foi levado para a delegacia e admitiu estar sob efeito de crack

José Elias ficou com ferimentos em diversas partes do corpo, após ser brutalmente agredido pelo próprio filho  Foto: TV Vitória

Um pedreiro foi agredido com marretadas e facadas pelo próprio filho na noite desta quinta-feira (04). A situação aconteceu no momento em que a vítima se preparava para dormir. O crime aconteceu dentro da casa da vítima, em Vila Graúna, Cariacica.

O agressor, identificado como Ricardo Borges Brasil, de 24 anos, ainda tentou estrangular o pai, que reagiu e conseguiu se livrar das agressões. A polícia foi acionada e o rapaz, que é usuário de crack, foi levado para a Delegacia Regional de Cariacica.

A vítima, José Elias Brasil, de 53 anos, ficou com ferimentos na cabeça, no peito, no braço e nas mãos. Ele foi socorrido e levado para o Pronto Atendimento de Alto Lage.

O pedreiro conta que chegou cansado em casa e o filho já estava no local. Por volta das 22 horas, José Elias deitou na cama para dormir, mas foi surpreendido pelo rapaz, que desferiu contra o pai dois golpes de marreta e, em seguida, o agrediu com uma faca.

"Cheguei do serviço ontem [quinta-feira] e deitei cansado, com a barriga para cima. De repente ele veio e me deu duas marretadas na cabeça. Não sei como não desmaiei. Foi Deus que botou a mão. Depois ele me golpeou no braço e no peito. Aí eu tomei a faca dele, tentando sair debaixo", contou a vítima.

No entanto, para o pedreiro o pior momento foi quando quase foi enforcado. "Eu senti mais a morte quando ele me pegou pelo pescoço, porque eu não pude gritar. Quando ele tentou me enforcar, eu via que não era ele que estava ali. Era o inimigo", disse.

Segundo a vítima, não foi fácil conseguir se livrar do filho. "Eu tive que me rebolar muito por baixo dele para sair das garras dele, porque ele queria me matar. Ele me deu duas marretadas, mas ia dar dez, vinte, trinta", lamentou.

Em determinado momento, José Elias conseguiu gritar e os vizinhos o ajudaram. "Quando ele saiu de cima de mim a minha voz veio. Eu gritei, meu inquilino embaixo subiu e o pegou. Ele tinha tudo para fugir, mas não quis", contou o pai.

O pedreiro diz que não faz ideia do motivo que levou o filho a agredi-lo, mas conta que chegou a prever que algo de ruim estivesse prestes a acontecer. "Ontem [quinta-feira] eu estava um pouco desconfiado, porque eu peguei o colchão dele e botei para fora, para ele dormir do lado de fora, e fiquei de butuca. Eu não dormi. Alguma coisa estava me tocando. Aí eu só vi ele em cima de mim com aquela voz estranha e me marretando", lembra.

Uso de drogas

Ricardo foi detido e levado para a delegacia Foto: TV Vitória

Na delegacia, o suspeito de cometar as agressões conta que estava alterado na hora do crime. "Acabei de fumar crack e tomei dois 'Clonazepam'. Aí fiquei mais doido ainda", conta. 

Ricardo afirma que, mesmo transtornado com o efeito da droga, não pensou em matar o pai. Segundo ele, a intenção era outra. "Eu não ia matar ele não. Só queria [fazer ele] desmaiar, pegar o celular dele e trocar por crack", admitiu.

O jovem é viciado em crack há sete anos, mas, segundo um tio do rapaz, demonstra vontade de se livrar da droga. "Há uns três dias ele estava chorando lá na casa. Eu fui lá com uma irmã conversar com ele e ele pediu para ser internado. Aí a gente está correndo atrás para ver se consegue interná-lo. Toda vida ele foi quieto, tranquilo, sempre foi um bom menino. Mas, infelizmente, caiu nessa droga", lamentou.

Já José Elias conta que vê tudo o que conquista com suor indo embora por causa do vício do filho. "Não posso ter nada em casa. Chego em casa, olho a botija e não está no lugar. No outro dia o ventilador não está no lugar. Eu não tenho paz. Então eu vou ficar com uma pessoa dessa dentro de casa, que não se pode nem fazer um café? Já é a terceira vez que eu ponho a fiação de luz na minha casa. Não tenho sossego. Para mim [a prisão dele] é um alívio. Eu não estava me sentindo bem perto dele", desabafou.

Apesar da gravidade do ocorrido na noite de quinta-feira, o pedreiro garante que perdoa o filho. "Perdoo na hora. Espero que ele saia de lá recuperado e que eu possa ajudar ele", afirmou.

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