Política

No hospital, Bolsonaro politiza nas redes sociais facada sofrida durante campanha de 2018

Presidente afirmou que encara "mais um desafio", por causa do ataque feito por Adélio Bispo contra ele há três anos

Foto: Divulgação

Após a confirmação de que seria transferido para São Paulo, onde fará exames para definir se haverá necessidade de se submeter a uma cirurgia, o presidente Jair Bolsonaro publicou, nas redes sociais, que encara "mais um desafio", por causa da facada que levou de Adélio Bispo, em 2018, durante sua campanha eleitoral para a Presidência da República. 

Sem citar o nome do agressor, o presidente voltou a politizar o ato que, segundo todas as investigações policiais, foram resultado de uma ação isolada.

"Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia", escreveu Bolsonaro.

Em seu perfil no Twitter, o presidente diz que, "por Deus foi nos dada uma nova oportunidade" para "enfim colocarmos o Brasil no caminho da prosperidade". 

Bolsonaro, que enfrenta os piores índices de popularidade nas pesquisas, menciona as mortes de vítimas da covid-19. 

"Mesmo com todas as adversidades, inclusive uma pandemia que levou muito de nossos irmãos no Brasil e no mundo, continuamos seguindo por este caminho."

O presidente pede "a cada um que está lendo essa mensagem que jamais desista das nossas cores, dos nossos valores". 

"Temos riquezas e um povo maravilhoso que nenhum país no mundo tem. Com honestidade, com honra e com Deus no coração é possível mudar a realidade do nosso Brasil. Assim seguirei! Que Deus nos abençoe e continue (sic) ilumando a nossa nação. Um forte abraço! Brasil acima de tudo; Deus acima de todos! Bandeira do Brasil."

Pelo Instagram, Bolsonaro publicou uma foto em que aparece na maca do Hospital das Forças Armadas, em Brasília. 

A imagem lembra as cenas de quando recebeu a facada, em 2018. Naquela ocasião, o crime sensibilizou grande parte do País e de seu eleitorado.

Bolsonaro passou por algumas cirurgias em decorrência do ataque sofrido há três anos. A primeira foi feita ainda na Santa Casa de Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, logo após ser atingido por Adélio Bispo.

Depois, o então candidato foi transferido para o Hospital Albert Einstein e passou a ser acompanhado pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo.

Transferência

O presidente foi transferido para São Paulo no final da tarde desta quarta-feira (14). Ele estava internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, por causa de dores abdominais e crises de soluços. 

Bolsonaro desembarcou no Aeroporto de Congonhas e seguiu para o hospital Vila Nova Star, onde realizará bateria de exames para definir se há necessidade de realizar cirurgia.

Após uma bateria de exames nesta manhã, foi constatada uma obstrução intestinal. Os procedimentos e primeiras avaliações do caso clínico de Bolsonaro foram feitos, segundo o Palácio do Planalto, por Antônio Luiz Macedo.

Mais cedo, o Planalto havia informado, em nota, que, por orientação de sua equipe médica, o presidente deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, nesta quarta-feira (14) para a realização de exames para investigar a causa dos soluços.

Soluços

Desde a semana passada, o presidente vinha se queixando de uma crise de soluços. O incômodo ficou claro na live semanal da última quinta-feira (8). 

Na ocasião, Bolsonaro chegou a pedir desculpas logo no início da transmissão. "Peço desculpas. Estou há uma semana com soluços, talvez eu não consiga me expressar adequadamente nesta live", explicou.

Segundo o presidente afirmou em entrevista à rádio Guaíba, no último dia 7, a origem dos soluços teria sido causada por remédios tomados por ele após um implante dentário. 

"Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço", disse.

Um dos primeiros registros do presidente durante crise de soluço foi feito no último dia 5, em agenda para assinatura da prorrogação do auxílio emergencial. 

Ao lado do presidente do Senado e dos ministros Luiz Ramos (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia), Bolsonaro engasga por causa da condição em vários momentos da fala.

Um dia após a live em que pediu desculpas pelos soluços, Bolsonaro voltou a ter dificuldade para discursar em Caxias do Sul, no dia 9 de julho, quando participou inauguração da 1ª Feira Brasileira do Grafeno. 

Nos primeiros dois minutos da fala, o presidente soluçou ao menos sete vezes. Por conta da dificuldade de fala apresentada por Bolsonaro, um copo com água foi servido ao chefe do Executivo durante o discurso, que durou cerca de 11 minutos.

Horas mais tarde, em um jantar com empresários num restaurante na cidade de Bento Gonçalves, Bolsonaro se sentiu mal e precisou abandonar o encontro.

Na última segunda-feira (12), em conversa com apoiadores nas saída do Palácio do Alvorada, o presidente soluçou ao menos seis vezes apenas no primeiro minuto de fala sobre os protestos em Cuba.

Na noite desta terça (13), novamente em conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a reclamar das contrações involuntárias no diafragma. O presidente chegou a dizer que estava "arrebentado" e "sem voz". 

"Pessoal, eu estou sem voz, pessoal. Se eu começar a falar muito, volta a crise de soluço. Já voltou o soluço".

A uma apoiadora, Bolsonaro chegou a dizer que encontrou um "macete" para solucionar o problema. A solução, segundo ele, seria "tomar água com o copo invertido".

"Achei um macete de (parar o) soluço. Testei duas vezes hoje e deu certo. Tomar água com o copo invertido. Dá certo. Eu estava hoje, eu estava arrebentado. Fui para o banheiro e (faz gesto de beber água). Agora, a gente começa a tomar a água aqui (aponta para a boca) e sai pelo nariz. Acabou de tomar, na hora, duas vezes", disse. O ensinamento teria sido repassado por "um colega de Marinha."

Com informações do Estadão Conteúdo

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