Política

Veja o perfil dos ministros confirmados para o governo de Jair Bolsonaro

Equipe do futuro governo anunciou que pretende reduzir a quantidade de ministérios, que passará de 29 para 15 pastas

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Na tarde desta quarta-feira (14), o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) confirmou através de sua rede social, o oitavo nome que vai complementar a sua equipe aos ministérios. O  embaixador Ernesto Fraga Araújo foi escolhido para ocupar o cargo de ministro das Relações Exteriores . 

Com o anúncio do diplomata Ernesto Araujo, já são oito os nomes definidos por Bolsonaro. Além da confirmação de Ernesto nas relações Exteriores, o general Azevedo e Silva ocupa a Defesa, o economista Paulo Guedes na Economia; o astronauta Marcos Pontes na Ciência e Tecnologia; a deputada federal Tereza Cristina na Agricultura, deputado federal Onyx Lorenzoni na Casa Civil, o juiz federal Sérgio Moro na Justiça e Segurança Pública, e o general Augusto Heleno no Gabinete de Segurança Institucional.

Bolsonaro continua em busca de nomes para assumir os ministérios do futuro governo, que terá início em janeiro de 2019. A equipe pretende reduzir a quantidade de ministérios - atualmente o Governo Federal conta com 29 pastas. A ideia é contar com 15 ministérios. Para isso, haverá a fusão de algumas pastas, como as da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior, que formarão o "superministério" de Economia - cujo ministro será Paulo Guedes.

Outra fusão prevista envolve os ministérios da Infraestrutura e de Transportes. Já a pasta de Desenvolvimento Social poderá ser unida à dos Direitos Humanos. Haverá ainda a fusão do Ministério da Justiça com o da Segurança Pública, que será chefiado por Sérgio Moro.

Bolsonaro chegou a cogitar a união dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, mas, devido à repercussão negativa do anúncio, o presidente eleito deverá manter as duas pastas distintas. Também permanecerão separados os ministérios da Defesa, Trabalho, Minas e Energia, Relações Exteriores, Saúde e o Gabinete de Segurança Institucional.

Veja quem o presidente eleito já indicou até o momento:

Ministério das Relações Exteriores- Ernesto Araújo

Foto: Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ernesto Araújo, 51 anos, nasceu em Porto Alegre e é formado em Letras. Mais recentemente, o diplomata serviu na Alemanha, no Canadá e nos Estados Unidos. Atuou como subchefe de gabinete do então chanceler Mauro Vieira, de 2015 a 2016. Trabalhou nas áreas de integração regional, Mercosul, União Europeia e negociações extra-regionais. 

É autor de trabalhos sobre o Mercosul e negociações extra-regionais. É casado e tem uma filha de 12 anos.

Em artigo publicado no Cadernos de Política Exterior, do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), em 2017, o embaixador propõe que o Brasil reflita e defina se quer fazer parte da concepção de Ocidente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ministério da Defesa- Fernando Azevedo e Silva
Foto: EBC

Fernando Azevedo e Silva foi chefe do Estado-Maior do Exército e passou para a reserva neste ano. Atualmente, o general assessora o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Natural do Rio de Janeiro, Azevedo e Silva foi declarado aspirante a oficial da Arma de Infantaria, em 14 de dezembro de 1976.

Em agosto do ano passado, ainda como chefe do Estado Maior do Exército, Azevedo e Silva defendeu a "conciliação" e "tolerância" nas eleições 2018. Ele ressaltou que os militares são "parte significativa da maioria do povo brasileiro que pretende usar o voto, a arma mais poderosa e legítima da democracia, para começar a superar a crise profunda em que estamos mergulhados."

O general foi comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista (de 2007 a 2009); comandante do Centro de Capacitação Física do Exército (2009 a 2011); diretor do Departamento de Desporto Militar e presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil do Ministério da Defesa (2012).

Ele Foi presidente da Autoridade Olímpica (de 2013 a 2015) e comandante militar do Leste, no Rio de Janeiro, em 2016. Integrou, como atleta, as equipes das Forças Armadas de Voleibol e de Paraquedismo. Disputou os campeonatos Brasileiro (infantil e juvenil), os Jogos Estudantis Brasileiros (JEBs), o Mundial Militar do Conselho Internacional do Desporto Militar, entre outros.

Jair Bolsonaro mantém um oficial-general de quatro estrelas (topo da carreira) à frente do Ministério da Defesa. O atual ministro é o também general Joaquim Silva e Luna.

Ministra da Agricultura- Tereza Cristina

Foto: Zeca Ribeiro/Agência Brasil

A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), 64 anos, será a primeira mulher ministra do governo Jair Bolsonaro. O próprio presidente eleito confirmou em sua rede social a indicação da deputada para o Ministério da Agricultura. A confirmação já havia sido feita também pelo deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS). 

Engenheira agrônoma e empresária, Tereza Cristina é presidente da FPA e tem uma longa trajetória no setor. Ela foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul durante o governo de André Puccinelli (MDB).

Neste ano, Tereza Cristina foi uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.

Durante a campanha e depois de eleito, Bolsonaro fez várias defesas do agronegócio e dos investimentos no campo. Ele chegou a anunciar a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, mas depois afirmou que a questão ainda não está definida.

Ministério da Justiça e Segurança Pública - Sérgio Moro

Foto: Divulgação

Sérgio Moro é juiz federal desde 1996. Como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, passou a ser conhecido nacionalmente em 2014, com sua atuação na operação Lava Jato, que apurou crimes cometidos naquele que foi considerado o maior escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro já registrado no Brasil.

Na Lava Jato, Moro foi o responsável por julgar, em primeira instância, políticos e empreiteiros denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por envolvimento no esquema. Outro caso em que atuou foi o do Banestado, entre 2003 e 2007, quando julgou um escândalo de evasão de dezenas de bilhões de reais do Banco do Estado do Paraná. O caso ocorreu década de 1990.

Sérgio Moro aceitou o convite para assumir o Ministério da Justiça durante reunião com Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (01), no Rio de Janeiro. O magistrado disse ter sido motivado pela perspectiva de "implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado".

Conforme estabelecido pela equipe do presidente eleito, a pasta deverá passar uma por uma fusão com recém-criado Ministério da Segurança Pública. Caso isso se confirme, Moro também terá gerência sobre a Polícia Federal.

Antes de oficializar o convite a Moro, Bolsonaro já havia se referido ao juiz federal como um "grande símbolo" da luta contra a corrupção. Sérgio foi cotado pelo presidente eleito também para uma vaga no Supremo Tribunal Federal - durante o mandato de Bolsonaro serão abertas duas vagas na Corte por aposentadoria compulsória, a do ministro decano Celso de Mello, em novembro de 2020, e a de Marco Aurélio Mello, em julho de 2021.

Ministério da Ciência e Tecnologia - Marcos Pontes

Foto: Divulgação/ Agência Espacial Brasileira

O tenente-coronel Marcos Pontes foi o primeiro – e único, até hoje – brasileiro a viajar para o espaço, em 2006. A bordo da nave russa Soyuz TMA-8, Pontes foi à Estação Espacial Internacional e ficou por oito dias no laboratório espacial, onde realizou experimentos para a Agência Especial Brasileira (AEB).

Pontes é formado em engenharia pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e mestre em engenharia de sistemas pela Naval Postgraduate School, na California (EUA). Em 1998, foi selecionado para o programa na Nasa – agência especial americana – e, naquele mesmo ano, foi declarado oficialmente astronauta.

Marcos Pontes foi confirmado como ministro da Ciência e Tecnologia na última quarta-feira (31). Nas eleições 2018, além de atuar na campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República, ele concorreu como segundo suplente do senador eleito Major Olímpio (PSL-SP).

Em 2014, Pontes já havia se candidatado a deputado federal por São Paulo. No entanto, com pouco mais de 43 mil votos, não conseguiu se eleger.

Gabinete de Segurança Institucional - General Augusto Heleno

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Filiado ao PRP, Augusto Heleno é general da reserva do Exército brasileiro. Graduou-se em 1969 na Academia Militar das Agulhas Negras, localizada em Resende, no Rio de Janeiro, e acumulou 45 anos de serviço até ir para reserva, em 2011. Durante o período, chefiou as tropas brasileiras no Haiti e o comando militar da Amazônia.

Para as eleições 2018, o militar chegou a ser cogitado como vice de Bolsonaro, que foi seu cadete nas Forças Armadas. Ele era opção antes de Hamilton Mourão, também general, que agora ocupa o cargo. Os dirigentes do PRP afirmaram que não era de interesse da sigla que ele assumisse o posto.

Heleno e Bolsonaro se conheceram na década de 1970, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). A proximidade, no entanto, veio após o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. Procurado pelo próprio Bolsonaro para ajudar com a campanha, Heleno montou uma equipe ampla para discutir propostas de governo.

Ministério da Casa Civil - Onyx Lorenzoni

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Veterinário de formação, Onyx Lorenzoni é filiado ao DEM e deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, cargo para o qual foi reeleito nas eleições deste ano - sendo o segundo candidato mais votado de seu Estado.

O futuro ministro da Casa Civil encerra, neste ano, seu quarto mandato consecutivo na Câmara dos Deputados. Lorenzoni exerceu seu primeiro cargo político como deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, em 1995. Ficou na Assembleia Legislativa gaúcha até 2002, ano em que foi eleito deputado federal pela primeira vez.

Em 2016, Lorenzoni tornou-se relator do projeto que transforma em lei as dez medidas contra corrupção, propostas pelo Ministério Público Federal. Na operação Lava Jato, o deputado foi citado em delação de executivo da Odebrecht como suposto destinatário de R$ 175 mil para sua campanha de 2006. A denúncia, no entanto, foi arquivada pelo STF a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que afirmou que as diligências realizadas não foram suficientes para comprovar o suposto crime.

Aliado de Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, cuja amizade com o presidente eleito remonta aos tempos de Congresso, é entusiasta e apoiador de sua candidatura desde o início. Trabalhou em costuras locais pró-Bolsonaro nas eleições e está encarregado das conversas com outros deputados para angariar apoio e montar a base parlamentar do governo. Além disso, Lorenzoni foi o escolhido para coordenar a equipe de transição do novo governo.

Ministério da Economia - Paulo Guedes

Foto: Claudio Belli/Valor/Folhapress - 19.09.2018

Mestre em economia pela Universidade de Chicago (EUA) e presidente do conselho de administração da Bozano Investimentos, Paulo Guedes é conhecido por defender o liberalismo econômico e defende medidas como a Reforma da Previdência. O economista será o responsável por chefiar o chamado "superministério" de Economia, que englobará as pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio.

Guedes foi a primeira indicação do presidente eleito a assumir algum ministério em seu governo. Até pouco tempo neófito no mundo político, Paulo Guedes foi apresentado a Bolsonaro em novembro do ano passado e uniu-se ao grupo oficialmente neste ano. Tornou-se fiador de seu projeto liberal e muleta de primeira quando o assunto na campanha se voltou para a economia - passou a ser chamado jocosamente pelo próprio candidato de "Posto Ipiranga".

Paulo Guedes também coordena um grupo grande de técnicos, entre economistas, advogados e outros especialistas, que trabalham no plano de governo. Ele tem feito sondagens para cargos no futuro governo, entre executivos de bancos e gestoras e integrantes da equipe de Michel Temer.

Ainda durante a campanha eleitoral de Bolsonaro, o Ministério Público Federal abriu uma investigação criminal, sob suspeita de gestão fraudulenta praticada por Guedes. Ele estava à frente de fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013, de fundos de pensão ligados a empresas públicas. Os advogados do futuro ministro afirmaram, na época, que a abertura da apuração era "uma afronta à democracia", cujo principal objetivo seria confundir o eleitor.

Outros ministérios

Ainda falta definir os responsáveis pelos seguintes ministérios: Educação, Cultura e Esporte; Agricultura; Meio Ambiente; Trabalho; Saúde; Minas e Energia; Relações Exteriores (está em discussão se será um diplomata ou alguém formado em relações internacionais); Integração Nacional (ainda não está definido, mas deve juntar com Cidades e Turismo); Infraestrutura, juntando com Transportes; Gabinete de Segurança Institucional (pode mudar o nome para ministro de Segurança Institucional, em vez de ministro chefe do gabinete, e deverá ser ocupado por um nome ligado ao Exército); Desenvolvimento Social junto com Direitos Humanos (pode ser uma mulher ligada a movimentos).

Transição

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, nomeou dois novos integrantes para a equipe que participará do processo de transição para o governo de Jair Bolsonaro (PSL): Floriano Peixoto Vieira Neto e Rosemeiry Alves Soares Padilha. Os dois exercerão o "Cargo Especial de Transição Governamental".

Os atos estão publicados no DOU (Diário Oficial da União) desta terça-feira (13).

A medida que novos ministros forem confirmados para o governo Bolsonaro, os dados desta publicação serão atualizados.

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