Política

Pazolini e vice-prefeita de Vitória disputam microfone e vídeo viraliza; entenda a polêmica

A relação entre o prefeito de Vitória e sua vice passa por períodos de animosidade desde o primeiro semestre da gestão do chefe do Executivo municipal

Redação Folha Vitória

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Foto: Reprodução

Um  vídeo em que o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), disputa o microfone e não permite a fala de sua vice, Capitã Estéfane (Patriotas), nesta quarta-feira (09), durante um evento na Capital, viralizou em grupos de mensagens e gerou repercussão nas redes sociais devido ao clima tenso entre os dois.

Logo em seguida ao momento registrado no vídeo, a vice-prefeita entrou ao vivo em seu perfil do Instagram acusando que havia sido impedida de falar, segundo ela, por interferência de Pazolini, e que a prática de cercear seus discursos e colocações em eventos e agendas institucionais tem sido recorrente. O prefeito nega as acusações.

Veja abaixo o vídeo em que o prefeito e a vice disputam microfone:

No conteúdo divulgado em suas redes sociais, Estéfane dá mais detalhes sobre a suposta postura do prefeito em vetá-la de falar no evento do qual ambos participavam como representantes do Executivo municipal.

"Bom dia pessoal, estou ao vivo no evento da Prefeitura, onde estou sendo novamente impedida de falar a todas as pessoas aqui presentes. Não me deu oportunidade de falar, mesmo sendo a vice-prefeita eleita, presente no evento da Prefeitura, onde eu tenho um mandato. É um completo absurdo, um desrespeito à população capixaba, desrespeito ao valor do voto! Eu tentei fazer o uso da fala aqui, mesmo sem ser citada pelo cerimonial, mas fui impedida. O prefeito tomou o microfone, ele é o dono do microfone", diz a militar em um trecho do vídeo.

Racha na prefeitura? Entenda   

A relação entre o prefeito de Vitória e sua vice passa por ruídos desde o primeiro semestre da gestão de Pazolini, de acordo com informações de bastidores. As divergências, no entanto, sempre foram negadas pelo chefe do Executivo municipal.

Entretanto, em março deste ano, Estéfane deu sinais de que os desentendimentos com o prefeito eram reais, ao ponto de ela sair do partido pelo qual se elegeu junto com Pazolini, o Republicanos, para filiar-se ao Patriotas, legenda pela qual ela tentou uma vaga de deputada federal pelo Espírito Santo nas Eleições 2022.

Em maio do ano passado, o marido de Estéfane acusou Pazolini de tentar “apagar” a imagem da vice-prefeita na gestão. À época, o desabafo foi feito nas redes sociais, em postagem do prefeito no Instagram. 

Outro momento que denunciou haver tensionamento na relação dos dois políticos foi o apoio que Estéfane declarou a Renato Casagrande (PSB), no segundo turno das eleições. 

O governador reeleito é um dos principais desafetos políticos de Pazolini, desde a época em que o hoje prefeito era deputado, na Assembleia Legislativa estadual (Ales).

Foto: Reprodução

Vice alega que é impedida de participar de discussões e Pazolini rebate críticas

Para o Folha Vitória, a vice-prefeita reiterou todas as afirmações feitas no vídeo divulgado e acrescentou que não tem conseguido exercer de maneira plena as atividades atribuídas ao seu cargo e que não é ouvida em reuniões das quais participa com o secretariado.

"Isso aconteceu em diversos momentos, mas os últimos episódios têm sido mais frequentes e incisivos. Minha fala foi silenciada. Não sou ouvida durante as reuniões das quais participo junto com o secretariado, nem mesmo quando tento tratar das demandas do município. Fui eleita para o cargo que ocupo hoje. O que tem acontecido é uma falta de respeito. Quando aceitei disputar a eleição como vice do atual prefeito, me prometeram que eu não seria uma vice figurativa, que eu teria participação efetiva", frisou.

Por meio de uma nota enviada à imprensa, Pazolini afirma que Estéfane, diferentemente do que estaria sendo alegado por ela, possui participação destacada na gestão da cidade, tendo inclusive sido escolhida para assumir uma secretaria no governo municipal. (Confira a íntegra da nota ao final da matéria).

"No dia 09 de fevereiro de 2021, a Capitã foi nomeada Secretária Municipal da Cultura, conforme Decreto n⁰ 18.835/21, cargo este que preferiu não assumir. Cabe acrescentar que a vice-prefeita foi designada para a coordenar a organização e entrega da principal política pública em defesa da mulher do município, a Casa Rosa, trabalho que incluiu outras secretarias da municipalidade", pontua o prefeito na nota.

Apoio a Casagrande

Ainda segundo Estéfane, não se pode atribuir o suposto cerceamento promovido por Pazolini apenas ao apoio que ela declarou a Casagrande durante as eleições. "Está para além disso", afirmou a vice-prefeita, que ainda reforçou que sua discreta participação no governo municipal teve início já nos primeiros meses da atual gestão da Capital.

A capitã disse também que tentará providências junto aos órgãos competentes para o que julga tratar-se de uma violência politica de gênero, pelo fato de ser mulher. "Vou estudar se existem elementos suficientes para uma possível denúncia", pontuou.

Por fim,  Estéfane rebateu o argumento da Prefeitura de que ela havia chegado após o início do evento que gerou a maior tensão registrada entre os dois agentes públicos até então. "Cheguei 15 minutos após o evento ter iniciado e avisei ao cerimonial, o que me deixaria apta a falar",  concluiu.

Prefeito Lorenzo Pazolini nega desrespeito

Pazolini negou que tenha atuado de forma a impedir a fala de sua vice no evento citado por ela, bem como em demais cerimônias oficiais. Ele ainda reforça seu total respeito a ela, destaca as funções do cargo, segundo a Lei Orgânica Municipal de Vitória. 

"É importante destacar ainda que a Vice-Prefeita sempre teve e tem oportunidade de fala nos eventos oficiais e possui interlocução com todos os secretários e o prefeito, que estão integralmente à disposição para proposições, críticas e diálogo", diz o texto.

Veja a nota do prefeito na íntegra:

"O Prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, afirma seu total respeito à vice-prefeita Capitã Estéfane.
O Artigo 104 da Lei Orgânica Municipal prevê que o (a) Vice-Prefeito (a) "substituirá o (a) Prefeito (a) Municipal, no caso de impedimento ou licença, e suceder-lhe-á no de vaga, o Vice-Prefeito (a)."
O Artigo 104 ainda prevê que "o (a) Vice-Prefeito (a), além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, auxiliará o Prefeito (a) Municipal sempre que por ele convocado para missões especiais."
Na ocasião citada, o Prefeito estava presente no local, e a Vice-Prefeita chegou com a agenda em andamento.
No dia 09 de fevereiro de 2021, a Capitã foi nomeada Secretária Municipal da Cultura, conforme Decreto n⁰ 18.835/21, cargo este que preferiu não assumir. 
Cabe acrescentar que a Vice-Prefeita foi designada para a coordenar a organização e entrega da principal política pública em Defesa da Mulher do município, a Casa Rosa, trabalho que incluiu outras secretarias da municipalidade. Politica pública instituída por meio do Decreto n⁰ 20.084/21.
É importante destacar ainda que a Vice-Prefeita sempre teve e tem oportunidade de fala nos eventos oficiais e possui interlocução com todos os secretários e o prefeito, que estão integralmente à disposição para proposições, críticas e diálogo. Um exemplo disso, foi a agenda realizada no início da manhã da última  2a feira, quando a vice-prefeita falou aos presentes. 
Na solenidade desta quarta-feira (09), a Vice-Prefeita chegou quando a solenidade já estava se aproximando do fim. Era uma agenda com idosos e, buscando não prolongar a atividade e seguindo a Lei Orgânica Municipal, a fala foi conduzida pelo prefeito. 
Em relação aos cargos alegados pela Vice-Prefeita, é imperativo ratificar a premissa da administração de reduzir em 50% o número de cargos comissionados e de nomear profissionais priorizando o critério técnico e a gestão por resultados".
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