Saúde

Água contaminada: Cesan diz que problema foi corrigido e que não há risco no consumo

Substâncias químicas e radioativas com potencial para causar câncer foram encontradas em doses acima do limite permitido na água distribuída de 2018 a 2020

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Pixabay

Após um levantamento revelar que substâncias químicas e radioativas com potencial para causar câncer foram encontradas em doses acima do limite permitido na água distribuída de 2018 a 2020 a moradores de oito cidades capixabas, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) garantiu que a população não tem com o que se preocupar. 

Isso porque, segundo o gerente metropolitano Norte da Cesan, André Luis de Oliveira Lima, a companhia já corrigiu os problemas detectados e alterou sua metodologia no tratamento da água. 

O estudo Mapa da Água, divulgado pela Repórter Brasil, apontou que, além das oito cidades capixabas com concentração de substâncias acima do permitido, em outras 38 foram detectadas substâncias que também geram riscos à saúde.

Os dados coletados para a pesquisa são resultado de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento enviados ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde. Ao todo, a água de 763 cidades no país foi contaminada com produtos químicos e radioativos.

Leia também: Amostras de água de 46 cidades do ES apresentaram substâncias perigosas para a saúde, diz estudo

O estudo mostrou que foi registrada a presença de substâncias químicas e radioativas na água distribuída nas cidades de Águia Branca, Atílio Vivácqua, Baixo Guandu, Colatina, Domingos Martins, Guarapari, Marataízes e Serra.

Quando essas substâncias são encontradas acima dos limites estabelecidos pelo Ministério da Saúde, a água é considerada imprópria para consumo. 

Na Serra, por exemplo, as substâncias encontradas acima do limite de concentração permitido foram chumbo e arsênio. (Veja mais abaixo as substâncias encontradas nas oito cidades).

O gerente da Cesan explicou que os dados da análise feita pela companhia e que foram encaminhados ao Sisagua são referentes aos anos de 2018 a 2020 e que não representam a situação atual da água fornecida à população.

"Tivemos esse problema por dois ou três anos e, assim que detectamos, corrigimos. É importante destacar que a legislação, ao estabelecer os limites máximos permitidos dessas substâncias, tomam como referência um indivíduo de 70 anos que ingere, em média, quatro litros de água por dia. Portanto, o tempo em que a população esteve exposta a essas substâncias foi pequeno para poder causar algum dano à sua saúde", explicou.

Ainda segundo Lima, a alta concentração de duas substâncias cancerígenas — os trihalometanos e ácidos haloacéticos — detectada na água coletada foi consequência da crise hídrica que atingiu o Espírito Santo nos anos anteriores às análises.

"Essa escassez hídrica levou a uma redução no volume de água dos mananciais, o que causou um aumento de substâncias que, em contato com o cloro, formam os trihalometanos e ácidos haloacéticos", explicou.

O gerente da Cesan ressaltou ainda que, assim que a alta concentração dessas e de outras substâncias foram detectadas, a companhia implantou uma nova metodologia no tratamento da água.

"Tão logo detectamos essa situação, em 2019, começamos a fazer estudos e testes e, a partir daí, implantamos uma nova metodologia de tratamento, no ano de 2020. Naquele ano já conseguimos reduzir bastante esses valores e, em 2021, essas substâncias foram encontradas de forma isolada. Em um curto espaço de tempo, conseguimos reduzir os riscos à população", garantiu.

Com relação à detecção de metais pesados na água, apontada pelo estudo, Lima afirmou que o problema não ocorre nas cidades atendidas pela Cesan. Segundo ele, o que ocorreu foi um problema no lançamento dos dados para a Sisagua.

Cidades do ES onde foram encontradas na água substâncias prejudiciais à saúde

Foto: Reprodução / Repórter Brasil

De acordo com o estudo, as substâncias com maiores riscos de gerar doenças crônicas, como o câncer, foram encontradas, acima do limite de segurança, nos seguintes municípios:

Águia Branca (chumbo)
Atílio Vivácqua (cádmio)
Baixo Guandu (lindano)
Colatina (cádmio, chumbo)
Domingos Martins (cádmio, chumbo)
Guarapari (chumbo)
Marataízes (rádio-228, nitrito)
Serra (arsênio, chumbo)

Outras substâncias que geram riscos à saúde foram encontradas nas seguintes cidades:

Afonso Cláudio
Água Doce do Norte
Alto Rio Novo
Anchieta
Aracruz
Barra de São Francisco
Boa Esperança
Brejetuba
Cariacica
Castelo
Conceição da Barra
Conceição do Castelo
Divino São Lourenço
Dores do Rio Preto
Ecoporanga
Iúna
Laranja da Terra
Mantenópolis
Marechal Floriano
Montanha
Mucurici
Muqui
Nova Venécia
Pancas
Pedro Canário
Pinheiros
Ponto Belo
Presidente Kennedy
Santa Maria de Jetibá
Santa Tereza
São Gabriel da Palha
São José do Calçado
São Roque do Canaã
Viana
Vila Pavão
Vila Valério
Vila Velha
Vitória

Já substâncias detectadas dentro do limite de segurança foram encontradas em:

Apiacá
Bom Jesus do Norte
Fundão
Guaçuí
Ibatiba
Irupi
Itapemirim
Marilândia
Mimoso do Sul
Muniz Freire
Piúma
Rio Bananal
Rio Novo do Sul
Santa Leopoldina
Vargem Alta
Venda Nova do Imigrante

*As outras cidades não enviaram informações ou enviaram dados inconsistentes para o estudo 

Pontos moeda