Saúde

Covid-19: ES registra quase 400 mil casos só este ano; Saúde anuncia novo mutirão de vacinação

Segundo a secretaria de Estado da Saúde, a ação está marcada para acontecer nos próximos dias 1ª e 02 de abril, quando serão imunizados os idosos e as crianças

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Pixabay

Nos próximos dias 01 e 02 de abril, o Espírito Santo terá um novo mutirão de vacinação contra a covid-19 e a gripe. Desta vez, serão imunizados idosos, além de crianças. Segundo a secretaria de Estado da Saúde, o objetivo é intensificar a imunização desses dois grupos prioritários. Os municípios ficarão responsáveis por definirem os locais onde as doses serão aplicadas.

O subsecretário de Vigilância em Saúde da Sesa, Luiz Carlos Rebelin, atualizou os números da covid-19 no Estado. Atualmente, os casos confirmados somam 1.035.955. Deste total, 147 mil casos foram confirmados em pessoas acima de 60 anos. Com relação aos óbitos, dos 14.414 registrados até agora, 10.521 foram de idosos nesta faixa etária, o que representa 73% de todas as mortes registradas desde o início da pandemia.

"Importante observar que quando a gente coloca os óbitos pela população total, de cada 100 pessoas que adoeceram por covid; 1,3 foram a óbito. Quando a gente coloca a população que adoeceu acima de 60 anos, esse número fica bem maior. De cada 100 idosos que adoeceram; 7,1 morreram da doença. Obviamente, a covid tem uma questão muito mais acentuada para os idosos, disse o subsecretário". 

Espírito Santo registrou 399 mil casos de covid-19 este ano

Somente em 2022, até o fim da tarde desta quarta-feira (23), o Espírito Santo registrou 399 mil casos e 972 mortes por covid-19. A letalidade geral é de 0,24. Isso significa que a cada 100 pessoas contaminadas neste ano; 0,24 morreram por complicações da doença.

Apesar das taxas terem reduzido consideravelmente, os números chamam a atenção. Reblin reforçou a fragilidade dos idosos diante da covid. "Destes 399 mil casos, 55 mil são de pessoas acima de 60 anos, o que reforça um percentual muito parecido com todo o período da pandemia. Foi um total de 13% dos adoecimentos em pessoas nessa faixa etária. Nos óbitos; dos 972, 793 vitimaram pessoas acima de 60 anos. 81% do total de óbitos."

Vale lembrar que os casos reduziram bastante no Estado: uma média de 216 nas últimas duas semanas. Óbitos foram, também em média, 3,5 ao longo das duas últimas semanas. Sempre lembrando que ao ser levado em conta a idade dos pacientes, acima dos 60 anos, essa média é de 2,8, portanto, a maioria.

Menor média de internações desde o início da pandemia 

Ainda de acordo com o subsecretário, o Estado atingiu essa semana o menor número de pessoas internadas por covid da rede pública de Saúde desde o começo da pandemia. Dos 97 pacientes internados em UTIs e enfermarias, 55 positivaram para a doença até a tarde desta quarta-feira.

Foto: Prefeitura de Cariacica / Claudio Postay

Mais de 100% da população com mais de 60 anos recebeu a primeira e segunda dose da vacina

Segundo a secretaria de Estado da Saúde, 612 mil idosos receberam a primeira dose. Desse total, 520 mil chegaram até a dose de reforço. Diante desses pouco mais de 100 mil que ainda não tomaram a terceira dose, a secretaria espera alcançar essa população com a campanha da próxima semana. 

Especialistas reforçam a necessidade das novas doses para reforçar a imunidade dos idosos. O médico infectologista Lauro Pinto disse que com o passar dos anos a resposta imunológica do ser humano às doenças vai caindo. Por esse motivo, reforçar a vacina, principalmente em determinado grupo, é importante.

"A nossa imunidade envelhece. Às vezes mais que as rugas da face, mais do que os cabelos brancos. Nós produzimos menos anticorpos, nós temos menos linfócitos B e nós produzimos menos linfócitos T CD4 e T CD8. O idoso tem uma deficiência imune. E é um paradoxo. Imagine, exatamente o idoso que é mais suscetível a covid, que corre mais risco de morrer, quando mais precisa da vacina é quando a vacina é mais frágil e por envelhecimento nosso. Por algo que perde-se com a idade", disse Ferreira.

Para proteger essa "carência" na resposta imunológica das pessoas acima de 60 anos, o especialista disse que a Ciência oferece algumas alternativas. Uma é usar o chamado adjuvante. Uma espécie de "ajuda" de alguma substância que vai fazer com que a apresentação de antígeno seja reforçada e haja uma produção de anticorpos maior.

Outra alternativa seria fazer uma vacina com mais antígeno. De acordo com o médico, nos Estados Unidos já existem vacinas de gripe chamadas de alta dose, que trazem em sua composição uma concentração de antígeno muito forte para os indivíduos mais velhos.

"E a outra alternativa é encurtar o intervalo de reforço. No caso específico da covid, por que ainda não temos vacina com adjuvante e nem com mais antígeno, a alternativa que o mundo tem feiro é encurtar o intervalo entre as doses. Então, talvez, o intervalo que para um jovem possa ser um ano, possa ser 8 meses ou 9 meses, para o idoso, pode ser 4 meses. um intervalo menor para deixá-lo mais protegido de doenças graves."

Lauro Pinto lembrou também que no pico da onda da variante ômicron, o número de pessoas com mais de 60 anos internadas foi alto. Isso não significa que a vacina não é eficiente - o médico afirma que ela é segura e evita quadros severos - porém, reforça a necessidade do reforço após um determinado período de tempo. 

A questão é que até que sejam desenvolvidas e disponibilizadas vacinas adaptadas com as novas variantes proporcionando uma proteção mais duradoura, os reforços serão necessários. 

"É preciso a gente entender que todas essas vacinas de covid foram desenhadas para a variante Wuhan que surgiu na China em dezembro de 2019. A vacina de gripe é atualizada todos os anos e há um esforço, sabemos que a Astrazenca e a Pfizer estão na fase 3 de vacina atualizada, devemos ter uma vacina mais apropriada para enfrentar essa situação em um futuro próximo, pontuou o especialista".

Para Lauro, revacinar é importante uma vez que os imunizantes se mostram seguros. Além disso, destaca que todas as estatísticas mostram que as pessoas vacinadas morrem menos e internam menos.

Ciência ainda estuda quantas doses serão necessárias para proteger as pessoas da covid

A doutora em epidemilogia e professora universitária Ethel Maciel lembra que em todo esse contato, a Ciência procura entender quantas doses serão necessárias para garantir a resposta imunológica segura para a população.

"Na Ciência, não temos nada pronto quando falamos de uma doença nova, de um vírus novo. Há uma grande discussão agora para definir se as três doses que tomamos antes serão consideradas como esquema primário, se as duas doses serão consideradas como esquema primário. Quantas vacinas iremos tomar? Cinco, seis, sete? Não sabemos. Só sabemos que o vírus evoluiu durante esse processo".

Ethel destaca ainda que são necessários estudos que possam comprovar as hispóteses de que mais uma dose de reforço realmente ajuda a proteger os idosos, em especial. Dados divulgados por Israel mostram que por volta de 4 meses há uma diminuição na resposta imune dos idosos.

"Quando falamos de idosos, pessoas a partir de 60 anos, infelizmente, várias coisas vão mudando e uma dessas mudanças está no no sistema de defesa do organismo", concluiu. 


Pontos moeda