Saúde

'Reprodução assistida deve ser adiada neste momento', diz especialista

Exceções ficam para casos de pacientes oncológicos ou aqueles em que o adiamento possa causar mais dano ao paciente;

Foto: Reprodução

Diante da pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19) e do crescente número de infectados no Brasil, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), em conjunto com a Red Latinoamericana de Reproducción Asistida (REDLARA), recomenda que casais com problemas de infertilidade que optaram pela reprodução assistida adiem os planos e realizem o tratamento posteriormente, quando a situação estiver mais controlada no país. 

O mesmo cuidado vale para as mulheres que planejam ter filhos por vias naturais, mesmo que, até o momento, não existam evidências de efeitos negativos da transmissão vertical da doença da mãe para o bebê, ainda há preocupação, motivo pelo qual esse desejo deve ser bem avaliado.

Em nota conjunta, as entidades reforçam que este é um momento de prudência e de atenção e recomendam que os profissionais de reprodução assistida suspendam novos procedimentos durante esse período. De acordo com a presidente da SBRA, Hitomi Nakagawa, as entidades acompanham de perto a publicação de normas estratégicas de equipes de planejamento de saúde pública no território brasileiro, que estão sendo compartilhadas por toda a América Latina, e, por isso, entendem que é hora de parar.

“Os diferentes governos e entidades científicas estão se concentrando no isolamento, no ‘ficar em casa’, na redução drástica da mobilidade no sentido de mitigar os danos₃. Devemos acatar e estimular essa adesão. Além disso, por ser um procedimento eletivo, na grande maioria das vezes, devemos evitar o risco de expor os paciente e a equipe de assistência”, diz.

As entidades ressaltam que a exceção são os casos oncológicos e outros em que o adiamento possa causar mais dano ao paciente. “Nessas eventualidades, a orientação é de que a decisão seja compartilhada com o paciente e que o profissional observe com cautela as particularidades de cada situação. Além disso, os ciclos já em andamento devem ser finalizados, com controles estritos dos pacientes e equipes envolvidas”, esclarece a nota.

“A SBRA e REDLARA ressaltam que os profissionais de reprodução assistida adotaram medidas extras de prevenção e segurança em suas clínicas e locais de atendimento, adequadas ao novo momento, com reforço na aplicação de parâmetros de segurança e controle de qualidade dentro dos estabelecimentos, mas o momento fala por si. Nós orientamos que todos os profissionais procurem manter um contato remoto com os pacientes, informando, acolhendo, amparando, protegendo e limitando no possível os danos psicológicos deste adiamento”, orienta a presidente da REDLARA, Maria do Carmo Borges.

Gravidez em andamento

Apesar das pesquisas realizadas até agora tranquilizarem as gestantes quanto aos efeitos da covid-19 na gestação, o momento é de cautela também para as futuras mamães. De acordo com dados divulgados em recentes pesquisas sobre o novo coronavírus, não existem evidências de efeitos negativos do vírus na gravidez, especialmente naquelas em estágio inicial.

Segundo Bruno Ramalho, médico e membro da SBRA, é importante observar que não há motivos de alarme para as mulheres já grávidas, pois não existe registro de prejuízos da covid-19 específicos para a gravidez. “No entanto, pela maior incidência de complicações com outras infecções respiratórias, como influenza e SARS-CoV, mulheres grávidas podem ser consideradas uma população de risco maior, com necessidade de manejo semelhante ao das pessoas idosas e/ou com saúde vulnerável. Significa dizer que, para elas, a atenção deve ser dobrada”, esclarece.

Mesmo que ainda não exista conhecimento específico sobre o assunto para a elaboração de protocolos assistenciais, a Febrasgo divulgou orientações quanto às precauções com as gestantes no Brasil. De acordo com o comunicado, até o momento, o cuidado pré-natal e obstétrico projetado para os casos de Covid-19 no país será baseado no conhecimento referente ao H1N1, considerando suas diferenças. 

A SBRA e a REDLARA seguem acompanhando de perto as informações divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde e comunidade científica internacional para continuar orientando os profissionais da área, seus pacientes e toda a sociedade. Com o passar do tempo e o avanço nas pesquisas e conhecimentos, será possível obter mais informações e adequar as orientações.

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