Saúde

Vacinação em idosos avança no ES, mas público precisa manter distanciamento social

Estudos de eficácia das vacinas já mostraram que, embora sejam uma importante forma de conter o crescimento da pandemia, nenhuma delas é 100% eficaz para evitar a doença

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Conceição da Silva Rosa, de 90 anos, tomou as duas doses da vacina contra covid-19.

A vacinação avança no Espírito Santo. Mais de 400 mil idosos com mais de 65 anos já tomaram a primeira dose da vacina. Desses, quase 70 mil, com mais de 75 anos, já receberam também a segunda dose. Em Vila Velha, por exemplo, a partir desta quinta-feira, dia 8, mais 12 mil vagas de vacinação foram abertas para pessoas de 60 a 64 anos.

Mas, apesar da vacina, os cuidados não podem parar porque os idosos podem ser infectados novamente, ainda que com efeitos mais leves da doença. 

Dona Conceição da Silva Rosa, de 90 anos, recebeu a segunda dose em 9 de março, mas continua seguindo rigorosamente as orientações de distanciamento.

“Eu continuo presa dentro de casa, quietinha, com cadeado no portão. Ninguém entra e eu não saio. Não piso nem na calçada”, contou a idosa que está em casa, mantendo o isolamento, desde os primeiros dias da pandemia.

Sair de casa, só em último caso. “Em pouco mais de um ano, eu saí 6 vezes. Para ir ao médico e ao banco, coisas que não tinha jeito, que só eu podia ir. Nesse tempo eu também não recebi ninguém. Os bisnetos vem no portão, ficam doidos para entrar, mas não pode”, disse.

Assim que recebeu a segunda dose, a família de dona Conceição comemorou, acharam que as visitas estavam liberadas. Mas não foi bem assim que aconteceu. 

“Quando eu tomei a segunda dose, minha bisneta comemorou muito. Disse que depois de 15 dias poderia almoçar aqui em casa. Mas ela não veio. Continuo quietinha, até no portão eu vou de máscara”, explicou.

SEM RELAXAR 

Os cuidados ficaram mais rígidos porque dona Conceição viu na televisão que, mesmo depois de vacinada, poderia ter a doença. E ela não está errada. 

De acordo com especialistas, é exatamente assim que os idosos vacinados devem se comportar. 

“A vacina garante uma proteção individual, não coletiva. A proteção coletiva teremos quando mais de 70% da população estiver vacinada”, explicou a infectologista Euzanete Maria Cozer.

Ainda segundo a infectologista, é preciso interromper a circulação do vírus antes de voltarmos à rotina normal. 

“Até lá, precisamos manter todos os cuidados, com máscara, isolamento e distanciamento social. Quem está vacinado está protegido, mas pode pegar a doença de forma mais leve”, explicou.

Estudos de eficácia das vacinas já mostraram que, embora sejam uma importante forma de conter o crescimento da pandemia, nenhuma delas é 100% eficaz para evitar a doença. O risco de se infectar é menor do que se a pessoa não fosse vacinada, mas mesmo assim existe.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Mas o que parecia solidão, virou parte da rotina de Conceição. “Daqui eu vejo a rua, meus amigos passam e conversam comigo de longe, meus filhos da calçada. Sinto falta de ir no salão, que eu ia de 15 em 15 dias ajeitar o cabelo, a unha, sobrancelha. Mas minha família não deixa de vir aqui, mandam comida para mim, e conversam sempre comigo, mas de longe”, completou.


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