Saúde

Síndrome pós-covid: mais de 70% dos recuperados relatam sintomas

OMS recomenda acompanhamento médico após a infecção, independente da gravidade da COVID em sua fase aguda

Foto: Unsplash

Em maio, o Espírito Santo bateu a marca de mais de 430 mil pessoas curadas da COVID-19, de acordo com levantamento divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Um dado a ser comemorado, porém, os cuidados médicos devem ser estendidos após a infecção, recomenda o médico especialista em Tratamento da Dor, André Félix. A orientação é baseada no estudo feito com moradores de Wuhan, na China, onde 76% deles relataram sintomas posteriores à fase aguda da doença.

“A ocorrência de dores crônicas, ou seja aquelas que persistem por mais de três meses, é uma das queixas mais relatadas pelos pacientes que se curaram do coronavírus. São sintomas que não devem ser ignorados, porque a COVID ainda é uma doença que carece de estudos sobre seus efeitos no corpo humano”, destaca André.

Dentre as manifestações da síndrome pós-COVID ou COVID prolongada estão dores de cabeça, relatadas por 44% dos pacientes entrevistas por estudiosos dos Estados Unidos, México e Suécia; dores musculares; dores no peito; fadiga; queda de cabelo; tontura; tromboses; depressão; ansiedade e dificuldade de raciocínio e memória.

Mariana Suéte, médica anestesiologista e especialista em Tratamento da Dor, explica que o coronavírus afeta, além do sistema respiratório, ele afeta também os sistemas neurológico e muscular. “A dor de cabeça é a mais prevalente, porque ele libera CGRP, uma substância que é associada à enxaqueca”, comenta.

A médica explica que os pacientes pós-COVID devem procurar atendimento médico especializado ao observar sintomas de dor recorrente. “Se a dor está incapacitando, atrapalhando a fazer as atividades diárias, é preciso buscar atendimento. O tratamento da dor é multiprofissional, pois há muitos fatores físicos e emocionais associados”, destaca.

A Organização Mundial da Saúde incluiu entre as recomendações para a prática médica envolvendo a COVID-19, um capítulo sobre o cuidado posterior à doença e reconhece que independente da gravidade em sua fase aguda qualquer pessoa pode apresentar sintomas da COVID prolongada.

Em outubro de 2020, a Unicamp divulgou um estudo que mostrou que, em média, os pacientes começam a apresentar os sintomas da síndrome pós-COVID 60 dias após a doença.

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