Saúde

Veja quais problemas cardíacos são mais comuns entre os jovens

Abaixo dos 30 anos, há uma prevalência de doenças genéticas ou inflamações no músculo do coração - a miocardite - isso pode causar arritmias graves e causar morte súbita

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

A morte de uma jovem de 21 anos em Venda Nova do Imigrante, Região Serrana do Espírito Santo, na tarde de segunda-feira (24), chamou a atenção para problemas cardíacos que afetam os mais jovens. 

A estudante de Arquitetura Letícia Caliman Baptisti morreu após passar mal em casa. De acordo com a família, a jovem tinha uma vida saudável, não sofria de problemas de saúde e não tinha histórico familiar de doenças cardíacas. Familiar da vítima disse que a jovem sofreu um infarto fulminante.

De acordo com o cardiologista Roberto Ramos Barbosa, as doenças cardíacas ainda lideram os casos de morte no país.  

"As doenças cardiovasculares por entupimento de artérias e insuficiência cardíaca, por exemplo, são doenças que aparecem normalmente nos mais idosos. Mas, diferentemente do que a maioria pensa, os jovens com menos de 30 anos também podem sofrer com os problemas do coração", disse. 

O especialista explicou que abaixo dos 30 anos, há uma prevalência de doenças genéticas ou de inflamações no músculo do coração - a miocardite -, que podem causar arritmias graves e causar morte súbita.

Melhor prevenção é ter atenção aos sintomas

Barbosa explicou que é necessário estar sempre atento aos sintomas para acender o alerta dos problemas cardíacos. "É importante estar atento a dores no peito, falta de ar e palpitações". 

Para os mais jovens, o especialista afirma que ao primeiro sinal dos sintomas, exames devem ser realizados. Já as pessoas com mais idade, precisam fazer exames de rotina. 

No caso da jovem Letícia Caliman Baptisti, o cardiologista orienta que a família deve procurar atendimento médico. "Quem tem algum sintoma deve procurar atendimento médico individualizado. No caso das cardiopatias genéticas, a primeira manifestação do problema pode ser muito forte e causar morte súbita", disse. 

O médico acrescentou que o acompanhamento cardiológico deve acontecer desde os primeiros dias de vida. "É importante que desde a infância, com o pediatra, sejam investigadas as doenças cardíacas", finalizou.

Outros fatores de risco para o infarto em adultos jovens

-Obesidade, sedentarismo e alimentação desregrada favorecem entupimentos nos vasos do coração

-Tabagismo e uso contínuo de drogas

-Hipertensão: causa danos nas artérias coronárias e cerebrais, abrindo caminho a ataque cardíaco

-O estresse também pode levar a picos de pressão e ao colapso do músculo cardíaco

Entenda as diferenças entre os problemas cardíacos

O cardiologista Roberto Ramos Barbosa explicou as diferenças entre parada cardíaca, infarto e morte súbita.

"A parada cardíaca é a mesma coisa que parada cardiorrespiratória. Ela acontece quando o coração tem um problema de respiração, incapaz de bombear o sangue para o corpo. Se atendida a tempo, pode ser revertida. Todo óbito acontece de uma parada cardiorrespiratória, mas nem toda parada pode levar a um óbito", explicou Barbosa.

O infarto, segundo o médico, é o sofrimento do músculo cardiovascular e acontece quando há uma obstrução das artérias. De acordo com Roberto Barbosa, geralmente ele é mais grave.

Já a morte súbita é uma grande piora clínica. Trata-se de uma emergência médica durante uma parada cardíaca súbita, mas que pode ser revertida, se identificada a tempo.

Morte súbita e as infecções por covid-19

Sobre a morte súbita, o também cardiologista José Guilherme Cazelli destaca que, em pessoas mais jovens, geralmente ela é causada por alguma doença cardíaca que aquela pessoa já tinha. 

"As principais doenças cardíacas são a miocardiopatia, que é um problema no músculo do coração; a arritmia, que é a alteração no ritmo das batidas do coração; e a obstrução das artérias coronárias, responsáveis por irrigar o músculo do coração", explicou.

Cazelli ressaltou ainda que uma quarta causa de morte súbita tem se tornado mais comum no último ano, principalmente depois do início da pandemia da covid-19. Trata-se da miocardite, que é a inflamação do músculo do coração. Segundo ele, o problema pode ser uma sequela provocada pelo coronavírus no organismo humano.

"Essa inflamação desorganiza a parte estrutural e a parte elétrica do coração e afeta principalmente os que praticam atividades físicas. Por isso, os jovens que voltam a fazer atividades físicas depois de terem tido a covid precisam de um acompanhamento médico mais próximo", frisou.

O cardiologista explicou ainda que a sequela tem sido observada tanto em pacientes que desenvolvem as formas mais graves da covid-19, e precisam ser hospitalizados, quanto naqueles que apresentam sintomas mais leves e fazem o tratamento em casa.

"Quanto mais sintomas graves, mais sequelas a pessoa pode ter. Aproximadamente 50% dos pacientes que são hospitalizados com a covid-19 acabam desenvolvendo alguma alteração que levante a suspeita de uma inflamação no músculo cardíaco", salientou.

O caso da Jovem Letícia Caliman Baptisti

Foto: Reprodução/Redes Sociais

À reportagem do jornal online Folha Vitória, o deputado contou que a sobrinha havia saído do escritório de arquitetura onde estagiava, em Venda Nova, e ido para a casa da mãe, na hora do almoço. Logo depois, a jovem sentiu uma forte dor e disse para a mãe que estava passando muito mal.

"A mãe dela mora no segunda andar do prédio. Assim que ela subiu as escadas, falou que estava se sentindo mal. A mãe dela a abraçou e a colocou na cadeira, mas ela já caiu desacordada. Tentaram reanimá-la, mas ela não reagia. Então colocaram ela no carro e a levaram para o hospital, que fica perto. Pelo tempo que tinha passado, ela ainda tinha chances de sobreviver", contou.

O deputado contou ainda que a equipe médica ficou cerca de uma hora e 20 minutos tentando reanimar a sobrinha, mas infelizmente ela não resistiu.



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