Saúde

Você tem dúvidas sobre a vacina da AstraZeneca? Veja o que você precisa saber sobre o imunizante

Boa parte dos capixabas está sendo imunizado com o imunizante, mas o tempo de intervalo entre as doses, a situação das grávidas e puérperas e os possíveis efeitos colaterais são algumas das dúvidas comuns

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

A falta de insumos para produção da Coronavac e as limitações logísicas do imunizante da Pfizer, a vacina da AstraZeneca, que no Brasil é produzida pela Fiocruz, se tornou uma aposta do governo do Espírito Santo para avançar na vacinação. 

Boa parte dos capixabas está sendo imunizado com doses da vacina AstraZeneca, mas ainda existem muitas dúvidas. O tempo de intervalo entre as doses, a situação das grávidas e puérperas e os possíveis efeitos colaterais são alguns exemplos. 

Para esclarecer as principais dúvidas sobre o imunzante, veja abaixo os principais questionamentos e as explicações de especialistas.

Principais informações sobre a vacina da AstraZeneca

Situação: registro definitivo concedido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), autorização permanente para ser usada em território nacional, o que permite vacinação em massa e comercialização com o setor privado

Número de doses: aplicação em duas doses, com intervalo de 3 meses

Fabricante: Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca. No Brasil, é produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro

País de origem: Reino Unido

Tecnologia: vetor viral não replicante, utiliza adenovírus que causa resfriado em chimpanzés modificado em laboratório para transportar fragmentos do coronavírus, especificamente a proteína spike, para estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica

Eficácia: 82,4% ao fim das duas doses, sendo 76% após 90 dias da primeira dose

Proteção contra variantes: a vacina protege contra a cepa brasileira, mas não neutraliza a variante da África do Sul

É normal ter febre ou se sentir cansado após a vacina da AstraZeneca? Por quê? 

Segundo a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), esse tipo de efeito é comum após a aplicação de qualquer tipo de vacina e faz parte da resposta imune inata do organismo. 

“É uma reação natural e esperada. Faz parte da resposta inflamatória e é responsável pela dor local [onde a vacina foi aplicada], pelo mal estar, por febre, reações que nem todas as pessoas apresentam porque é uma resposta individual”, explica 

Quais os principais efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca?

A bula da vacina da AstraZeneca indica que os principais efeitos colaterais após a aplicação do imunizante são sensibilidade, dor, sensação de calor, vermelhidão, coceira, inchaço ou hematomas onde a injeção foi administrada; sensação de indisposição de forma geral; sensação de cansaço; calafrio ou sensação febril; dor de cabeça; enjoos e dor nas articulações ou dor muscular. 

Além disso, é comum que a pessoa imunizada tenha sintomas semelhantes aos de um resfriado como febre alta, dor de garganta, coriza, tosse e calafrios; também é possível que surja um caroço no local da injeção. 

Para amenizar esses sintomas, a bula indica que a pessoa deve informar a um profissional de saúde e, caso seja prescrito algum medicamento, o recomendado é que contenha paracetamol

Qual o risco de formação de coágulos após a imunização com a vacina da AstraZeneca? 

Casos envolvendo a formação de coágulos sanguíneos após a aplicação da vacina foram relatados pelo mundo. A EMA (Agência Europeia de Medicamentos) considerou que o efeito colateral é “muito raro” e que os benefícios do imunizante superam os riscos. 

No Brasil, a Anvisa solicitou à Fiocruz que inclua na bula o risco do desenvolvimento de coágulos. De acordo com a diretora da SBIm, o risco de formação de coágulos após a aplicação da AstraZeneca é de 0,007%. 

“O que se identificou é que é um fenômeno específico, não é a trombose ou embolia normal, é uma síndrome específica em que há esse tromboembolismo associado a uma taxa pequena de plaquetas”, explica. 

É a chamada síndrome de tromboembolismo e trombocitopenia, TTS na sigla em inglês(thrombosis with thrombocytopenia syndrome). Além disso, a especialista destaca que o risco de uma pessoa desenvolver trombose ao ser infectada pelo coronavírus é maior do que em relação ao imunizante. 

“A covid é uma doença que causa inflamação muscular, os pacientes que morrem pela covid todos passam por processos inflamatórios, todos eles têm problema de coagulação. A própria covid é um risco muito maior que o risco do TTS com a vacina”, afirma

Como saber se tenho risco para a formação de coágulos após a imunização com a vacina da AstraZeneca? 

Segundo Flávia, não é possível saber se uma pessoa é propensa à formação de coágulos sanguíneos após a imunização. 

“Por isso que os eventos adversos devem ser vigiados, e qualquer sintoma que indique inchaço nas pernas ou dor abdominal, que podem ser sinal de pequenos êmbolos pelos órgãos, os profissionais da saúde precisam fazer essa notificação, e com a investigação é que se estabelece se aquilo foi mesmo um TTS ou não. A vigilância de eventos adversos é importantíssima”, afirma 

A formação de íngua na axila após vacina contra covid é comum?

O inchaço de linfonodos, também chamados de ínguas, nas axilas, após a vacinação contra a covid-19 pode ser um sinal de que o sistema imunológico está respondendo à imunização. A imunologista Lorena de Castro Diniz, da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), explica que a reação é chamada de linfadenopatia.

“É um sinal de funcionamento do sistema imunológico, porque os gânglios fazem parte do nosso sistema, é onde há um recrutamento das células de defesa e por isso há essa inflamação, em algumas pessoas é mais intensa e perceptível, por isso falamos que é um evento adverso. Mas geralmente não tem uma evolução negativa ou com sequela, é muito difícil precisar de intervenção”, afirma 

Bebida alcoólica antes ou depois da vacina compromete sua eficácia?

Segundo a especialista Flávia Bravo, não há nenhum dado científico que comprove o efeito negativo de bebidas alcóolicas sobre a eficácia do imunizante, ou sobre qual a quantidade recomendada para ser ingerida antes ou depois da imunização. 

“O álcool em uso crônico e abusivo faz mal ao organismo como um todo, prejudica todos os nossos sistemas, inclusive o sistema imune, e piora a nossa resposta às infecções”, explica. 

Por que seu uso foi suspenso para grávidas? As gestantes que tomaram a primeira dose devem tomar a segunda? 

O Ministério da Saúde suspendeu a aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes e puérperas no país. A medida seguiu a recomendação da Anvisa, após o registro de um evento adverso grave que acabou em morte, tanto do feto quanto da grávida que foi acometida de um acidente vascular cerebral após a imunização. 

Para as gestantes que já haviam tomado a primeira dose da vacina, a recomendação da pasta é que aguardem o fim da gravidez e do puerpério (45 dias após o parto) para que completem a imunização com a segunda dose. 

Posso escolher qual vacina tomar? 

Não é possível escolher a vacina para a imunização contra a covid-19. “Não há o menor sentido em fazer escolha de vacina. Hoje o que temos que fazer é usar a vacina que estiver disponível, porque precisamos de cobertura vacinal e todas as vacinas aprovadas foram qualificadas pelos órgãos reguladores”, afirma a especialista. 

Além disso, Flávia destaca que mesmo que as vacinas tenham apresentado números de eficácia diferentes uma das outras, todos os imunizantes em aplicação no país são seguros e eficazes para conter o avanço da pandemia. 

“No ponto de vista de saúde coletiva essas diferenças acabam diluídas, porque vamos ter diminuição da circulação do vírus. Se a maior parte da população estiver vacinada, vamos reduzir a circulação do vírus, reduzir as chances de quadros graves de covid-19, reduzir internações e mortes num cenário de vida real onde as pessoas estão se expondo”, afirma 

*Com informações do Portal R7



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