Dificuldade no aprendizado da criança pode significar algum distúrbio
Questões atencionais, capacidades perceptivas, cognitivas, e até mesmo desordens psicológicas estão entre as causas
Você provavelmente já deve ter ouvido falar em crianças que são muito inteligentes, mas não tiram boas notas na escola por terem dificuldades de ler e escrever. Em alguns casos, por exemplo, a escrita costuma apresentar falhas e trocas de letras, como P por B e T por D.
Segundo dados de 2017, da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), cerca de 5% da população escolar tem dificuldades de aprendizagem.
Elas podem estar relacionadas a diversos fatores, tais como: habilidades que envolvem recepção ou expressão da linguagem oral, escrita, questões atencionais, capacidades perceptivas, cognitivas, e até mesmo desordens psicológicas.
“Cada indivíduo pode ter um destes predisponentes ou até mesmo diversos associados. As trocas de letras podem estar envolvidas com a conversão inadequada do fonema pelo grafema (som e letra). Algumas também estão envolvidas com a percepção visual”, explicou a fonoaudióloga, Giullia Cristyne Matos Biluca.
Em casos mais extremos, é de grande relevância que o profissional conte também a ajuda de psicólogos para ajudar na identificação dos problemas que afligem a criança. Esses episódios podem ser ligados à dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou distúrbio do processamento auditivo. “Contamos frequentemente com a ajuda de neurologistas, psicólogos, psicopedagogos, e com a própria equipe escolar. A troca de ideias de todos os profissionais sobre o caso é indispensável para a evolução do paciente, e o tratamento é mais efetivo quando há a interdisciplinaridade”, comentou Giullia.
Assim que detectada a dificuldade, Giullia explica que são planejados objetivos específicos a serem alcançados sessão por sessão, com atividades lúdicas. Neste cenário, entre o papel da escola. “A equipe pedagógica tem papel importante tanto no processo de avaliação, quanto no terapêutico, pois a produção escolar da criança reflete o que tem sido abordado nas sessões fonoaudiológicas, bem como suas dificuldades”, ressaltou.
Atenção aos sinais
Além de equipe de profissionais, a família tem papel fundamental para o desenvolvimento da linguagem. A fonoaudióloga explica que observar alguns sinais, desde cedo, é crucial. “Deve-se observar, desde a primeira infância, as mudanças na linguagem oral, favorecer sempre a interação e comunicação da criança com o mundo à sua volta, e acompanhar sempre se a criança está produzindo aquilo que geralmente se apresenta na idade em que está. Ao observar qualquer tipo de atraso, é importante que a família procure um profissional qualificado, pois uma alteração não tratada no início do desenvolvimento da linguagem, pode resultar em uma alteração futura mais severa, e possível dificuldade na alfabetização.