Saúde

Obesidade atinge 18% no ES e associação recomenda dieta low carb para prevenir problema

Associação Brasileira Low Carb (ABLC) questiona o motivo dos índices de obesidade estarem aumentando entre os brasileiros

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação
Brasil atinge maior prevalência de obesidade (19,8%) entre adultos nos últimos treze anos.

Dados de uma pesquisa sobre obesidade, realizada em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, pelo Ministério da Saúde, em 2018, mostra que 19,8% dos adultos brasileiros estão obesos. De acordo com o estudo, o Espírito Santo atinge a prevalência de 18% de obesidade, em 13 anos. 

De acordo com o médico diretor-presidente da Associação Brasileira LowCarb (ABLC), José Carlos Souto, os estudos mostram que uma dieta com pouco açúcar e carboidratos, mesmo contendo uma proporção maior de gordura, é uma estratégia que leva a um dos melhores resultados no que diz respeito à perda de peso e emagrecimento. Além disso, melhora o controle da glicemia e produz reversão da síndrome metabólica.

"De fato, a gordura natural dos alimentos não é vilã, mas sim o excesso de carboidratos", destacou Souto. Esse excesso é explicado pelo modo como o metabolismo humano age para estocar a gordura no organismo.

O médico explica que, ao ingerir mais carboidratos, principalmente amido e açúcar, o nível de glicose no sangue aumenta. Com isso, eleva-se o hormônio insulina, responsável por retornar a glicose a valores normais e por sinalizar ao corpo que armazene gordura. Ou seja, o consumo excessivo e frequente de carboidratos, especialmente os refinados, favorece o armazenamento de gordura no tecido adiposo por mecanismos que vão além de seu simples impacto calórico, contribuindo bastante para que as pessoas ganhem peso e se tornem obesas.

Para o diretor, uma estratégia alimentar saudável é a low carb, na qual o carboidrato deve ser evitado e o consumo das gorduras naturalmente presentes nos alimentos é importante.

Processo Low Carb

Com a diminuição da glicose na dieta, o corpo passa a utilizar a gordura como fonte de energia. O objetivo é que tal gordura venha dos depósitos adiposos do próprio corpo. Por sua vez, a gordura dos alimentos fornece sabor e saciedade, que são elementos fundamentais na adoção de uma estratégia alimentar como um estilo de vida permanente. Assim, a gordura natural dos alimentos, consumida sem exagero, entra como peça-chave nesse processo, saciando o apetite sem acarretar no armazenamento de gordura no corpo, no contexto de uma dieta pobre em carboidratos.

O que comer e o que evitar

Foto: Divulgação

Não se trata, porém, de qualquer gordura que deva ser ingerida; apenas a gordura natural dos alimentos (carne e frutas). Gorduras artificiais (margarinas) e refinadas (óleos extraídos de sementes) devem ser evitadas. Souto também recomenda o consumo de gordura com parcimônia. “Mesmo não sendo comum, há a possibilidade de se ganhar peso em low carb, devido ao excesso de gordura na dieta”, diz.

Em relação aos grãos integrais, o médico argumenta que sua recomendação, por parte das diretrizes nacionais e internacionais, deve-se ao fato de serem fontes de fibras e micronutrientes (vitaminas e minerais). “Se grãos fossem as únicas, ou mesmo as melhores fontes, eu concordaria, mas folhosas, vegetais de baixo amido e legumes, fartamente disponíveis, apresentam densidade nutricional muito superior a qualquer grão”, afirma.

Além disso, grãos possuem grande quantidade de amido (polímero de glicose), desprovido de valor nutricional, semelhante ao açúcar, exceto pela ausência de frutose. “De que forma seria justificável submeter um diabético, por exemplo, ao consumo de grandes quantidades de amido (grãos) apenas para que possa consumir a fina casca de fibra que os envolve?”, questiona Souto. “Legumes são uma opção muito superior”.

Recomendação 

Neste cenário, diante de números que mostram o crescimento da obesidade no país, o diretor-presidente da ABLC defende que a low carb faça parte das diretrizes de alimentação do país e que o Ministério da Saúde recomende a médicos e nutricionistas a prática como terapia para tratamento de obesidade e outras doenças relacionadas.

“Não a única, mas uma das estratégias a serem empregadas”, diz o especialista, enfatizando que, na literatura científica, a low carb é a estratégia alimentar que apresenta os melhores resultados relativos ao tratamento dessas condições que, atualmente, acometem mais da metade da população brasileira. 



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