Saúde

Óbitos por Câncer de Colo de Útero avançam 25% no Espírito Santo na última década

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetricía inicia campanha para erradicação da doença

Foto: Divulgação

Os óbitos por câncer de colo de útero avançaram 25% no estado do Espírito Santo e 33,9% em todo o país, nos últimos dez anos (2008-2018), segundo dados do Ministério da Saúde. Diante disso, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) inicia uma campanha de erradicação desse câncer que é altamente prevenível. A ação acompanha iniciativa de mesmo cunho promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em nível mundial.

Até o final deste ano, são estimados 240 novos casos da doença somente no estado capixaba. Em todo o país, os novos casos da doença devem chegar a 16590. Intitulada “Vamos acabar com isso”, a campanha da Febrasgo baseia-se em: prevenção (a partir da vacina contra HPV), diagnóstico precoce (por meio de exames preventivos) e tratamento adequado.

Campanha

No Brasil, a Febrasgo se engaja na responsabilidade de contribuir para as metas previstas a serem trabalhadas até 2030. A adoção da “Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero, como um Problema de Saúde Pública”, da OMS, é baseado em três pilares. Garantir que:

1) 90% das meninas recebam a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) até os 15 anos de idade;

2) 70% das mulheres realizem um exame de rastreamento com teste efetivo até os 35 e outro até os 45 anos de idade;

3) 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras ou câncer invasivo recebam tratamento.

Tais medidas devem acarretar a redução da mortalidade feminina em cerca de um terço. A Febrasgo endossa a campanha da OMS e traça como estratégia a conscientização da população. Em seu site, a entidade disponibiliza informações sobre a doença e um vídeo institucional explicando a parceria com a OMS.

Números e Cenário no Brasil

No mundo, são mais de 570.000 novos casos e morrem mais de 311.000 mulheres a cada ano. A doença ocorre predominantemente em mulheres não brancas (62.7%) e com baixa escolaridade (62.1%). O sistema público de saúde brasileiro atende 75,32% dos pacientes com câncer. O período entre o diagnóstico e o primeiro tratamento dura mais de 60 dias em 58% dos casos, ocorrendo mortes precoces em 11% delas.

Os cânceres invasivos do colo do útero são, geralmente, tratados com cirurgia ou radioterapia combinada com quimioterapia. A escolha da melhor opção terapêutica depende do estadiamento clínico do tumor, da idade, da história reprodutiva, do estado geral da paciente e das condições disponíveis no serviço de saúde. No Brasil, aproximadamente 80% das mulheres com diagnóstico de doença invasiva, estão na fase avançada, fora de condições técnicas de cirurgia, sendo necessárias a radioterapia e a quimioterapia como tratamento, gerando, assim, um enorme custo social e financeiro.

A importância da vacinação

As vacinas para HPV são altamente efetivas e promovem significativa diminuição das infecções e, consequentemente, das lesões neoplásicas do colo do útero. Entretanto, no Brasil, a cobertura da vacinação tem sido abaixo do necessário. As razões das baixas coberturas são, principalmente, as barreiras logísticas de acesso e a falta de educação contínua da população.

Em 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) introduziu a vacina quadrivalente para meninas de 9 a 14 anos em esquema de duas doses com intervalo de seis meses. Em 2017, o programa passou a contemplar também os meninos de 11 a 14 anos, também no esquema de duas doses. Na primeira dose, no primeiro ano de implantação, a cobertura foi de mais de 80%. Na segunda dose, quando o governo retirou o procedimento das escolas e transferiu-o para as unidades de saúde, houve queda expressiva das coberturas. Nos anos subsequentes as coberturas vêm caindo, refletindo o pouco interesse nesse importante momento de pandemia. 

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