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Análise da prefeitura aponta que água do Rio Doce em Linhares é imprópria para consumo

Amostras colhidas apresentaram alta concentração de metais como ferro, arsênio, chumbo, entre outros. Segundo a prefeitura, sem tratamento a água pode causar doenças graves

Segundo a prefeitura, água do Rio Doce em Linhares pode causar uma série de doenças à população Foto: Divulgação/Prefeitura

Com a chegada da lama com rejeitos de mineração a Linhares, no norte do Estado, a água do Rio Doce, sem tratamento, se tornou imprópria para consumo, irrigação e abastecimento de animais. A informação é da prefeitura do município, que nesta quarta-feira (25) apresentou os resultados das análises feitas na água do rio entre a última quinta-feira (19) e segunda-feira (23).

De acordo com a prefeitura, as amostras colhidas apresentaram alta concentração de metais como ferro, arsênio, chumbo, entre outros, superior ao que é permitido pela legislação. Ainda segundo a análise, a água sem tratamento pode causar, a longo prazo, várias doenças graves. 

No entanto, de acordo com o biológo Luciano Cabral, da Prefeitura de Linhares, mesmo com essa alta concentração de metais, a água pode sim ser tratada antes de ser consumida. A captação de água no município, para abastecimento da população, é feita no Rio Pequeno, que liga a Lagoa Juparanã ao Rio Doce.

Na manhã desta segunda-feira (24), uma nova barragem começou a ser construída no local, visando proteger ainda mais o leito do Rio Pequeno das águas do Rio Doce, tomado pela lama de rejeitos de minério da Samarco. A nova barragem terá cerca de 4 metros de altura, contando a partir da margem do rio, e 10, medindo desde o fundo do manancial. 

A Prefeitura de Linhares informou que usou como base para decidir as medidas da barragem os níveis de subida das enchentes de 2013 e de 1979, as duas piores pelas quais o município já passou. 

Atualmente, o Rio Pequeno está protegido dos resíduos por uma barragem construída em outubro deste ano, pela Prefeitura de Linhares, cujo objetivo inicial era represar água e reduzir os impactos da seca na região. Na última semana, a estrutura foi reforçada e impermeabilizada pela Samarco. No entanto, segundo a prefeitura, é necessário preparar o rio para possíveis mudanças de nível e garantir que as águas não se misturem. 

Audiência

A Justiça de Linhares decidiu convocar a Samarco para uma audiência especial de conciliação, na próxima quarta-feira (02), às 13 horas, com a Federação das Colônias e Associações dos Pescadores e Aquicultores do Espírito Santo (Fecopes). No encontro, que ocorrerá no Fórum de Linhares, será negociado o pedido de indenização para os pescadores das colônias capixabas existentes no Rio Doce até a sua foz. 

Na última segunda-feira, o advogado que representa os trabalhadores fez a solicitação na 2ª Varal Civil de Linhares. O valor da indenização deve ser de pelo menos um salário mínimo (R$ 788,00) para cada um dos cerca de 3 mil pescadores cadastrados na federação. O dinheiro deverá ser depositado em até 30 dias.

De acordo com o TRibunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), caso não haja acordo durante a audiência, o juiz deverá decidir pela concessão ou não de indenização aos pescadores. Além disso, uma multa poderá ser estipulada caso a mineradora descumpra a decisão.

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