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Familiares do soldado assassinado na Serra alegam abandono por parte do Estado

O soldado era o filho mais velho e, de acordo com familiares, ajudava a família financeiramente com o salário que recebia. Os pais do militar alegam não receber apoio do Estado

A mãe do militar assassinado, não sai de casa desde o dia 16 de fevereiro. Foto: Arquivo Pessoal

A morte do soldado André Monteiro dos Santos, de 22 anos, no último dia 16, na Serra, refletiu diretamente na vida de seus familiares: Maria Ramos dos Santos e  o aposentado José Monteiro dos Santos, pais do policial e a irmã caçula do militar. Até agora, a família alega que não recebeu nenhum apoio por parte do Estado.

De acordo com o pai de André, o aposentado José Monteiro, a família mora no bairro Jardim Bela Vista, na Serra, há 26 anos. O soldado Andre Monteiro nasceu e foi criado no local. O seu sonho era ser militar e, após conseguir realiza-lo, passou a ser a principal fonte de sustento da família.

“Sentimos até hoje uma grande dor. Meu filho morreu e simplesmente fomos abandonados pelo Estado. Não veio nenhuma assistente social ou psicólogo aqui para saber se estamos precisando de algo ou como estamos desde então”.

A mãe do militar assassinado, não sai de casa desde o dia 16 de fevereiro. José Monteiro conta que a mulher não aceita a morte do filho e passa seus dias à base de calmantes.

“Eu não tenho como sair de casa também. Ela não aceita a perda do nosso filho. Eu tenho que vigiá-la a todo instante para que algo pior não aconteça. Ela precisa urgentemente de um psicólogo ou psiquiatra, mas não tenho como pagar recebendo um salário mínimo de aposentadoria”, desabafou Monteiro. 

De acordo com Fernando Pereira Baptista, que faz parte da diretoria da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militar do Espírito Santo (ACS/PMBM/ES), a assistência formal e regulamentar existe por parte do Estado, mas falta informações para a família do militar quando ele é a vítima.

“Quando é o policial que mata o bandido, o policial responde a inquéritos e a família do criminoso recebe toda assistência, basta ver o que está acontecendo em Manaus. Mas quando é o contrário, não existe um suporte por parte do Estado de procurar a família e orientá-la sobre o que fazer para obter seus direitos. Nós enquanto associação ajudamos a família com o funeral e vamos dar todo o apoio jurídico que ela necessitar quanto a indenização e pensão, visto que a maior parte da renda da família era proveniente do militar. Vamos orientar, mas esse papel deveria ser do Estado”, disse.

Baptista disse ainda que além da associação, a família recebeu apoio de outros militares que trabalharam com o soldado assassinado e também do 6º Batalhão.

“Os amigos de farda deram apoio emocional à família e o 6º Batalhão através do comandante e militares fez as honrarias de um funeral militar”.

A equipe de reportagem do jornal On Line Folha Vitória entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar, mas até o fechamento desta reportagem a assessoria não respondeu os questionamentos feitos. 

Relembre o caso

O Soldado André Monteiro dos Santos, de 22 anos, que fazia parte do Grupo de Apoio Operacional (GAO),  foi assassinado no dia 16 de fevereiro, na Avenida Getúlio Vargas, em Serra Sede, quando saía de uma academia na companhia de sua namorada.

O militar foi abordado por um suspeito que estava armado de uma faca. Os dois entraram em luta corporal, mas o criminoso conseguiu pegar a arma do militar e disparou 14 vezes contra André que morreu na hora. Depois dos disparos o suspeito fugiu com a arma do policial. 

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