Polícia

Operação Sanguinello: diarista empresta CPF e nome é usado em sonegação

Mulher seria sócia proprietária de estabelecimentos fantasmas que deveriam funcionar em Cariacica. A fraude veio a público em fevereiro deste

Mulher emprestou nome para amigo em 2011 Foto: TV Vitória

O nome da diarista Marta Marques Mariano é apontado no esquema de sonegação de impostos na venda de bebidas alcoólicas no Estado. Empresas fantasmas, que deveriam funcionar em Cariacica, estão no nome da diarista. O suposto esquema de fraude foi descoberto durante a Operação Sanguinello. 

Ela deveria ser a sócia proprietária dos estabelecimentos, mas ela afirma que só este ano ficou sabendo dessas empresas. A diarista ainda conta que se sente envergonhada por ter sido usada. “Nunca fui de mexer em nada de ninguém. Sempre trabalhei, recebo Bolsa Família e nunca me imaginei passar por essa situação, já que nunca me envolvi em crime nenhum”.

Marta está com medo. Ela mora na zona rural de Marechal Floriano com o marido, sete filhos e a mãe que é cadeirante. Ela contou que em 2011 emprestou sua identidade e CPF para um amigo abrir uma empresa.

“Ele foi na minha casa e perguntou se eu podia emprestar meu nome para ele durante um ano, pois queria abrir uma empresa de gás. Como eu conhecia ele e as pessoas do bairro também, eu emprestei. Ele disse que ia me ajudar financeiramente. Durante uns meses ele me ajudou, mas depois sumiu”, disse.

O nome de Marta acabou sendo envolvido num esquema de sonegação de impostos na venda de bebidas alcoólicas no Estado. A fraude veio a público em fevereiro deste ano quando o empresário Rodrigo Fraga denunciou o esquema numa rede social e depois se matou ao pular da Terceira Ponte

As denúncias confirmaram o que já estava sendo investigado pelo Ministério Público e a Receita Federal, com apoio de autoridades de Minas Gerais o que levou a prisão do empresário Frederico Leone, sócio de Rodrigo. Também foi alvo das denúncias o casal de empresários Ricardo e Sandra Corteletti, famosos por ostentarem luxo e gastar mais de R$ 1 milhão em uma festa de aniversário. 

Sanguinello: empresários suspeito de fraude prestam novos depoimentos a partir desta terça

Como a investigação ainda está em curso, o Ministério Público não revelou como funcionava exatamente o esquema. Basicamente eles usavam empresas de fachada, como a Status e a Expressão, para sonegar ICMS na venda de bebidas alcoólicas. Marta, que consta nos documentos como sócia proprietária da Expressão, já foi intimada para prestar depoimento no Grupo de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público. 

O Ministério Público não divulgou nada sobre a participação do homem citado por Marta na entrevista. Rossi pode ser apenas um intermediário para que os chefões da quadrilha tivessem acesso a documentos das pessoas. A diarista quer agora provar que não teve nada a ver com o esquema.

A operação

A “Operação Sanguinello” foi deflagrada na última quarta-feira (28), pelo MPES, por meio do Gaeco, e pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), por meio da Receita Estadual, com apoio da Polícia Militar. O objetivo foi desarticular e colher provas relativas a uma organização criminosa que atua no setor atacadista e varejista de bebidas em todo o Espírito Santo e Estados vizinhos, cujas ações em terras capixabas apontam para operações comerciais fraudulentas da ordem de R$ 230 milhões. 

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