Polícia

Internos rendem agentes, quebram muro e fogem da Unip, em Cariacica

Após abrirem os alojamentos, os onze adolescentes pularam uma grade e, com uma tampa de bueiro, quebraram o muro. Os menores fugiram pelo buraco

Os internos fugiram por um buraco feito no muro da unidade Foto: TV Vitória

Onze internos fugiram da Unidade de Internação Provisória 2 (Unip), em Cariacica, após renderem dois agentes socioeducativos na noite da última quarta-feira (16).

De acordo com o diretor técnico do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), Gustavo Badaró, os internos usaram uma serra para escapar do alojamento. “Os adolescentes serraram a grade e temos que apurar como adentrou uma serra na unidade. É uma situação que infelizmente coloca em risco a sociedade. Nós estamos sendo rigorosos com a apuração. Eles renderam dois agentes e assim conseguiram empreender fuga, libertando os demais”, disse.

Após abrirem os alojamentos, os adolescentes pularam uma grade e com uma tampa de bueiro, quebraram o muro, e fugiram pelo buraco.

De acordo com a diretoria do Iases, a fuga aconteceu no 5º alojamento do Bloco 6. Cada alojamento tem capacidade para até quatro adolescentes, mas nesse havia seis internos. “Existem unidades superlotadas e unidades não superlotadas. Mas as provisórias estão com a lotação acima do previsto”, afirma o diretor técnico Gustavo Badaró.

Após a fuga, viaturas do Grupo de Operações Táticas (GOT) da Polícia Civil e do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar fizeram buscas, na tentativa de encontrar os fugitivos.

Sindicato culpa falta de concurso

De acordo com o Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo do Espírito Santo (Sinases), as fugas estão ocorrendo com tanta frequência porque o Iases está operando há três anos sem concurso público.

Segundo o Sinases, a rotatividade de agentes é grande, por causa da insatisfação, sem reestruturação de carreira. De acordo com o presidente do Sindicato, Bruno Meneli, não existe ressocialização dos internos, já que os adolescentes já foram e voltaram várias vezes da internação, conhecem o sistema e a grande maioria tem envolvimento com homicídios e tráfico de drogas. 

De acordo com Meneli, os agentes não estão capacitados para lidar com esses menores e toda a guarda dos muros do complexo é feita sem armas.

O Iases, por sua vez, informou que já existe um concurso em andamento, que não pode ser executado por causa do período eleitoral, mas que já está na Assembleia. Para ajudar a amenizar a emergência do problema, o órgão está com um processo seletivo aberto para contratação de agente socioeducativo, psicólogo, nutricionista e advogado para compor seu quadro em todo o Estado. 

O Iases informou ainda que os treinamentos estão sendo realizados, mas precisam ser intensificados para dar mais condições de trabalho aos agentes. Mudanças estão sendo estudadas.

Rebeliões na Unip e Unis

No último dia 19, um grupo de internos fez uma rebelião na Unidade de Internação Sócio-Educativa (Unis), em Cariacica.

A rebelião começou quando internos da Unis colocaram fogo em colchões e quebraram telhas e outros materiais da unidade. Três agentes socioeducativos foram alvo de pedradas e tiveram ferimentos leves. 

Homens do Batalhão de Missões Especiais (BME) foram ao local para negociar com os internos. Segundo o diretor técnico do Instituto de Atendimento Sócio Educativo do Espírito Santo (Iases), Gustavo Badaró, a rebelião não teve um motivo específico. “São jovens, adolescentes que estão numa medida de contenção, as reivindicações eram muito dispersas, não havia nada específico. Os adolescentes se uniram por outras questões. O tumulto tomou proporções que nós não gostaríamos que tivessem tomado. Essa unidade não tem superlotação”, afirma. 

No dia 28 de abril deste ano, quatro agentes socioeducativos foram feitos reféns durante uma rebelião na Unidade de Internação Provisória 2 (Unip), em Cariacica. Além disso, três menores conseguiram fugir do local durante o motim, mas horas depois foram recapturados.

O motim foi realizado por cerca de 110 adolescentes em conflito com a lei. Homens do BME invadiram a unidade e usaram balas de borracha e bombas de efeito moral. O Corpo de Bombeiros também foi chamado na ocorrência. 

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