Médico é indiciado por morte de recém-nascido durante plantão em hospital de Guaçuí
Caso aconteceu em agosto do ano passado. De acordo com a polícia, o obstetra deveria estar de plantão na Santa Casa de Guaçuí, no dia do incidente, mas teria faltado
Um médico de Guaçuí, no sul do Estado, foi indiciado pela Polícia Civil pela morte de um recém-nascido, ocorrida em agosto do ano passado. De acordo com a polícia, o obstetra Hélio José de Campos Ferraz deveria estar de plantão na Santa Casa de Guaçuí, no dia 14 daquele mês, mas teria faltado.
A criança teve complicações no parto e morreu. Segundo o delegado José Maria Martins Simão, responsável pelo caso, Hélio foi indiciado por homicídio comissivo por omissão, já que, na visão da polícia, ele poderia ter evitado a morte do bebê se estivesse presente.
O delegado enviou o relatório final da conclusão do inquérito à Justiça na última quarta-feira (07). No documento, o delegado representou pela suspensão do exercício de função pública do profissional.
Segundo o delegado, a mãe da criança, Graciane de Oliveira Furtado, de 26 anos, deu entrada na maternidade com dores e contrações e foi atendida, inicialmente, por técnicas de enfermagem, que constataram a necessidade da presença de um médico obstetra para avaliar a paciente.
"A telefonista da maternidade ainda tentou entrar em contato com o médico de plantão. Segundo ela, foram feitas várias tentativas de encontrar o profissional, que não foi localizado”, contou José Maria, que frisou que não é a primeira vez que o obstetra faltou a um plantão.
O delegado informou que o estado da paciente se agravou e o parto acabou sendo realizado pelas técnicas de enfermagem, uma servente e o médico pediatra, que estava na sala de parto somente para cuidar do recém-nascido.
"Com muito esforço, a criança acabou nascendo de parto natural. Mas, de acordo com atestado de óbito, o bebê faleceu asfixiado, em decorrência de o cordão umbilical ter se enrolado no pescoço da criança", afirmou.
No dia seguinte ao fato, o pai da criança procurou a Delegacia e registrou um Boletim de ocorrência. "Depois de várias diligências e a chegada de laudos técnicos concluí por indiciar o médico pela morte do bebê", disse o delegado.
O outro lado
Procurado pela reportagem, o médico Hélio José de Campos Ferraz disse não se lembrar desse caso específico. Ele, no entanto, frisou que, na Santa Casa de Guaçuí, o médico não é obrigado a ficar de plantão na maternidade do hospital, mas deve ficar de sobreaviso, caso ocorra alguma emergência. O obstetra diz que já não atende mais na unidade.
Sobre não ter sido localizado pelo hospital no dia do incidente, o médico nega que tenha sido procurado. "Não houve omissão de minha parte, uma vez que ela se caracteriza pelo não comparecimento. E esse não foi o caso. Não me procuraram nesse dia. Na época eu cheguei a prestar depoimento na polícia e me disseram que, se não me procuraram, não teria porque me indiciarem", ressaltou o obstetra.
A direção do hospital também foi procurada para comentar o caso, mas ninguém foi localizado para falar sobre o assunto.