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Tendência é de que haja queda do Ideb com a pandemia, admite secretário de Educação

Segundo Vitor de Angelo, o atual cenário impacta justamente nos dois fatores que compõem o índice: aprendizado e evasão escolar

Foto: Reprodução

O Espírito Santo alcançou a melhor avaliação, ao lado do estado de Goiás, do Ensino Médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), segundo divulgou nesta terça-feira (15) o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os dois estados obtiveram uma média de 4,8 pontos, contabilizando as redes pública e privada, na avaliação, que leva em consideração a nota obtida pelos estudantes na prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o índice de aprovação dos estudantes.

O desempenho do Espírito Santo no índice, que é medido a cada dois anos, melhorou no ano passado, em relação a 2017, quando foi de 4,4 pontos. Entretanto, a expectativa é de que, com a pandemia do novo coronavírus e as consequências causadas por ela na educação, esse desempenho seja inferior no próximo Ideb, não só no Espírito Santo, como em todo o país.

"As duas principais consequências da pandemia para a educação são: prejuízos para a aprendizagem e evasão. Ou seja, são os dois componentes do Ideb — fluxo e aprendizagem. Então a tendência é que haja um prejuízo para a educação pública e privada, mas especialmente para a educação pública", destacou o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, durante uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (15) e transmitida ao vivo pelas redes sociais.

"Estados que têm rede privada em maior percentual tendem a ter uma vantagem relativa no próximo Saeb. Isso vai acontecer porque a pandemia vai impactar exatamente os dois indicadores que o Ideb capta. Nós, como governo, se estamos, de um lado, reconhecendo isso, estamos também tomando isso como nosso desafio para 2021 e 2022", completou o secretário.

De Angelo lembra que o resultado do próximo Ideb, já impactado pelas consequências da pandemia, será conhecido às vésperas das eleições presidenciais e estaduais, e não descarta que os índices dos próximos anos também sejam influenciados pelo atual cenário.

"Na prova que vai ser aplicada no ano que vem, o resultado, como sai em ano par, vai sair em 2022, às vésperas da eleição, com todo o risco que existe disso poder ser politizado. Então, em 2022, penso eu que a pandemia vai parecer uma coisa muito longe, mas os resultados da pandemia para a educação vão estar refletidos ali e quem sabe até na prova do ano seguinte", ressaltou.

>> 'Estado vem em processo crescente no Ideb desde 2011', afirma Casagrande

Vitor de Angelo afirmou ainda que o Estado fará o que lhe for cabível para tentar reduzir ao máximo os impactos da pandemia no resultado do próximo Ideb. "Nós trabalharemos forte numa busca ativa aos alunos que evadirem. Estamos fazendo já esse monitoramento desde o início da pandemia, por meio do programa 'Todos na Escola', que nós lançamos no ano passado, em parceria com o Unicef. E vamos fazer diversas ações pedagógicas para tentar recuperar a aprendizagem dos alunos, para que eles se preparem em condições para fazer a prova do Saeb do ano que vem", frisou.

O secretário destacou o desafio que a rede estadual terá no ano que vem, de ministrar o conteúdo que deveria se passado aos estudantes em 2020 e, ao mesmo tempo, prepará-los para a prova. 

"Pensemos o seguinte: nós estamos falando em fazer um biênio 20/21, para que, em 2021, a gente possa dar os componentes curriculares que sequer foram ministrados em 2020. Então nós não estamos falando de recuperar os alunos, de dar uma aula de reforço, para melhorar a aprendizagem do que já foi aprendido. Vinte e um vai ser um ano para ensinar o que não foi sequer aprendido em 2020. E vamos ter que fazer isso ao mesmo tempo em que damos reforço. Tudo isso em um prazo muito curto, que é basicamente entre fevereiro e outubro, quando acontece a prova do Saeb".

O governador Renato Casagrande, que também participou da coletiva, destacou que o Estado se mobilizou rapidamente para disponibilizar aos estudantes da rede estadual conteúdos pedagógicos à distância, para minimizar os impactos causados pela suspensão das aulas presenciais. Entretanto, ele reconheceu a importância de as escolas voltarem a receber os alunos, respeitando todos os protocolos de prevenção ao coronavírus e assim que houver condições de se retomar as atividades presenciais.

"Quanto mais rápido a gente puder voltar com as aulas presenciais, mesmo que em dias alternados, isso ajudará a gente a recuperar um pouco mais de vínculo e de aprendizado no ano de 2020, que ainda não terminou e certamente terá que ter modificado o seu calendário assim que a gente voltar para as atividades", ressaltou Casagrande.

Idebes

Para auxiliar no planejamento da educação, o governo do Estado realiza o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do Espírito Santo (Idebes), similar ao Ideb, mas que avalia apenas as escolas do Estado e que é feito todos os anos. Os resultados do Idebes 2019 foram divulgados no início de 2020 e apontaram para uma melhora do desempenho do ensino médio no Estado, em relação a 2018. Há dois anos, o indicador capixaba foi de 4,10 e, em 2019, o índice subiu para 4,42, o melhor dos últimos quatro anos.

Questionado sobre a decisão do governo de, diante da pandemia, manter o Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes), utilizado para se chegar ao indicador do Idebes, Vitor de Angelo afirmou que a avaliação será mantida, até mesmo para analisar os impactos do coronavírus na educação capixaba.

"Nossa decisão foi por fazer, porque não fazer quebra a série histórica e pode ser muito pior. É lógico que a gente vai precisar olhar os resultados do Paebes deste ano com um olhar de um ano excepcional, mas isso, para nós, também é um indicativo do quanto essa excepcionalidade interferiu na qualidade da educação básica do Espírito Santo", frisou o secretário.



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