Polícia

Jovem morta a facadas teve uma filha com o suspeito; bebê morreu aos cinco meses

A equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV, conversou com vários amigos da jovem e teve acesso também a um dos depoimentos que ela deu para a Justiça sobre o relacionamento com o homem

Foto: Reprodução / Instagram

O suspeito de ter matado a jovem Luana Demonier na noite de terça-feira (09), no bairro Vila Capixaba, em Cariacica, já tinha quebrado uma medida protetiva determinada pela Justiça. No ano passado, a vítima, de 25 anos, procurou a polícia e contou que o ex-companheiro havia comprado uma arma para matá-la. 

Cheia de planos e sonhos, Luana teve a vida interrompida de uma forma covarde. Ela chegava em casa, por volta das 19h30, quando foi surpreendida pelo suspeito, que a esfaqueou. 

A equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV, conversou com vários amigos da jovem e teve acesso também a um dos depoimentos que ela deu para a Justiça sobre o relacionamento com o homem. Em um deles, a jovem disse que conviveu com o ex durante quase dois anos e afirmou que eles tiveram uma filha, que morreu aos cinco meses de idade após uma parada cardiorrespiratória. 

Nas redes sociais, ela fez uma homenagem à criança, que completaria um ano de vida no dia 07 de janeiro. "Hoje o dia amanheceu cinza e com muita saudade, hoje é o dia do seu primeiro aninho, 1 aninho que quando você chegou e veio me mudando aos poucos. Hoje seria a data mais esperada, a data do amor da minha vida", escreveu Luana. 

No depoimento, a jovem contou ainda que o relacionamento teve fim porque o suspeito não ajudava nas despesas de casa e ficava horas em bares jogando bingo. Após a separação, Luana começou a trabalhar em uma empresa como técnica em Segurança do Trabalho e voltou a morar com a mãe. 

Em junho do ano passado, a vítima foi à polícia mais uma vez para contar que o ex-cunhado ligou para ela dizendo que o irmão teria comprado uma arma para matá-la. O irmão do suspeito informou que tirou o revólver das mãos do suspeito, mas ele tomou a arma de volta, dizendo que iria cumprir o que havia prometido e depois tiraria a própria vida. 

Vivendo sob ameaças, a técnica em Segurança do Trabalho mudou a rotina várias vezes. Mas, enquanto tentava seguir a vida, sempre era incomodada pelo ex. Por telefone, uma colega de trabalho de Luana contou à equipe de reportagem que ela chegou a trocar o número do celular para escapar do homem. 

Em novembro do ano passado, ele teria ficado escondido esperando ela sair do serviço, entrou no mesmo ônibus que ela e, também com uma faca, fez várias ameaças. Ela conseguiu descer na Praia de Camburi e pediu ajuda, mas o suspeito, que também tinha desembarcado, conseguiu correr. 

Luana já tinha uma medida protetiva contra o ex, que quebrou a determinação e, desde então, era considerado foragido. Mesmo com o paradeiro desconhecido pela Justiça, ele continuou perseguindo a ex-companheira e todas as ameaças feitas no ano de 2020 foram cumpridas na noite de terça-feira. 

O crime

As câmeras de uma empresa da região flagraram o crime. Luana aparece caminhando em uma rua, a poucos metros de casa, acompanhada de um homem. Na gravação, às 19h16, uma viatura da PM passa e vai em direção à residência da vítima. Dois minutos depois, o suspeito pega uma faca e golpeia a jovem várias vezes. Ela cai e ainda consegue chutar o homem, mas ele se ajoelha e continua esfaqueando a jovem. Segundo a perícia, foram pelo menos 15 golpes. 

Depois de toda covardia, o suspeito corre e consegue fugir. A gravação não pode ser repassada pela empresa, já que, segundo funcionários, ela será entregue primeiro para a polícia. Testemunhas contaram que a viatura que aparece nas imagens tinha sido acionado a pedido da própria Luana, que havia sido ameaçada pelo ex por telefone no mesmo dia. 

Prisão do suspeito
Em nota, a Polícia Civil informou que as investigações sobre o homicídio começaram logo após o crime. Diligências estão em andamento neste momento e o local de crime foi periciado.  Ele se entregou na Delegacia da Praia do Canto nesta quarta-feira (10) e, em seguida, foi transferido para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O caso foi registrado como feminicídio.

O suspeito do crime, segundo a Polícia Civil, era alvo de investigações da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Cariacica desde 2015, e responde a oito inquéritos policiais instaurados nesta unidade, por crimes relacionados a violência doméstica. Em 30/07/2020 ele foi preso em flagrante pelo crime de ameaça e encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, tendo recebido liberdade em 03/09/2020.

As investigações da Polícia Civil geraram mandados de prisão em desfavor do investigado e, desde a expedição, diligências foram realizadas com o objetivo de capturá-lo. Ele era um dos alvos na última edição da Operação Maria’s, realizada em dezembro de 2020, e não foi localizado na ocasião. Em janeiro, novas diligências foram realizadas, mas ele não foi encontrado. Após tomar conhecimento da ordem de prisão, o investigado passou a viver em condição de andarilho, sem endereço fixo. 

Com informações da repórter da TV Vitória/Record TV, Suellen Araújo. 

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