Saúde

Movimentos e exercícios físicos mal executados podem provocar AVC em jovens

Especialistas alertam sobre a importância de um diagnóstico precoce para a recuperação do paciente

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação
Exercícios radicais precisam ser realizados por pessoas que tenham experiências, porque os movimentos bruscos podem acometer doenças, como o AVC. 

Ir para academia, gastar calorias, fortalecer os músculos, inclusive o coração. Esses são hábitos saudáveis e indicado pelos médicos como prevenção para várias patologias, porém, é importante lembrar que para tudo existe um limite e saber diferenciar o exercício saudável da busca desenfreada pelo corpo perfeito. Movimentos errados ou exagerados, podem resultar em um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Isso pode ocorrer por causa de uma outra doença, a Dissecção Arterial Cervical Espontânea (DACE), uma das causas mais comuns de AVC em pessoas jovens. O neurologista do Grupo Meridional, José Maria Modonesi, explica que a DACE é a ruptura não traumática de uma ou mais camadas internas da parede das artérias do pescoço, responsáveis pela irrigação sanguínea do cérebro e quando se rompem, provocam ao AVC.

Foto: TV Vitória
O neurologista, José Maria Modonesi, durante entrevista para a TV Vitória. 

"Qualquer movimento que você fizer brusco do pescoço pode ocasionar a doença, devido a ruptura do endotélio da artéria. Para melhor entender, essa ruptura ocorre principalmente com a carótida interna que não é bem fixada e a artéria vertebral por seu trajeto cervical", explicou o neurologista.

Um simples exercício abdominal, por exemplo, pode ter consequências desastrosas quando mal feito. Além do esforço na academia, outras atividades que podem ocasionar o acidente vascular cerebral são o bungee jump e até esticar demais o pescoço ao lavar o cabelo no salão de beleza.

Segundo o especialista do Grupo Meridional, os problemas vasculares também são apontados como causa de AVC nos jovens e está entre os principais gatilhos para a doença. "A dissecção arterial, significa que houve uma ruptura da camada interna da artéria, e o sangue quando percorre essa parte a empurra contra a parede arterial para o lado oposto da camada interna, interrompendo o fluxo sanguíneo".

CASO

Morena Fornaciari, hoje com 29 anos, sofreu um AVC há um ano. "Sempre começava com uma tensão no pescoço que virava uma enxaqueca. Eu tomava muito relaxante muscular, comecei a tomar por conta própria depois de um tempo porque era muito frequente sentir dores de cabeça. Então procurei a massagem, foi o meu último recurso, porque já havia feito de tudo, já havia ido em vários médicos e não encontrava o motivo para as dores", disse Morena.

O tratamento com a massoterapeuta tinha o objetivo de aliviar os nós de tensão que Morena tinha no corpo, e foi em uma sessão que ela descobriu a doença. "Ela estava fazendo a massagem, e quando apertou um ponto no meu pescoço do lado esquerdo eu senti muita dor e como já havia sentindo dor nos outros pontos, eu achei que fosse normal. Mas, quando a massagista soltou, eu senti o lado esquerdo todo formigando e foi quando percebi que tinha algo errado", contou.

Nem ela, nem a massagista e nem a família podiam imaginar o que estava acontecendo. Até que as dores pioraram, o lado esquerdo não voltava ao normal e Morena foi levada ao serviço de urgência. "Quando minha mãe chegou eu falei 'mãe, você sabia que eu tive um AVC é isso mesmo?' E ela falou: é minha filha é isso mesmo'. Até hoje eu não sei se a minha ficha caiu, é inacreditável", falou.

Superação

Foto: TV Vitória
Morena criou um Blog, mostrando o passo a passo da sua recuperação. 

De lá pra cá, um ano se passou e foram incontáveis as sessões de fisioterapia. Morena sente que nasceu de novo, por isso criou um diário, que transformou em Blog, chamou de De Repente AVC onde conta o passo a passo da reabilitação. Ela ainda não sabe se todas as sequelas são reversíveis, mas entende que já é uma vencedora.

A boa notícia é que a chance de uma boa recuperação pós AVC aumenta em jovens. "Se nós colocarmos então só jovens que fazem tratamento, as chances de cura vai para 70%. Por isso, um diagnóstico precoce é muito importante, assim como o tratamento imediato, é preciso ir com urgência para o centro cirúrgico e após cirurgia iniciar a reabilitação", alertou o neurologista do Grupo Meridional, José Maria Modonesi.  

O Jornal da TV Vitória preparou uma série com três reportagens especiais sobre o Acidente Vascular Cerebral em Jovens. Abaixo, você confere o segundo episódio que fala sobre a Dissecção Arterial Cervical Espontânea (DACE).

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