ARBOVIROSES

"É importante conhecer bem todas as doenças para fazer o diagnóstico correto", afirma infectologista

As arboviroses estão sempre presentes na vida da população e, atualmente, têm afetado muito a saúde das pessoas. Martina Zanotti explica como isso impacta na qualidade de vida da população

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Coluna Vida Saudável

As arboviroses, doenças virais transmitidas por artrópodes como mosquitos e carrapatos, são sempre um grande desafio para profissionais da saúde, além dos órgãos federais, estaduais e municipais. 

Isso por que essas doenças são causadas por inúmeros tipos de vírus, incluindo os da dengue, chikungunya, zyka, febre amarela e a mais recente confirmada no Espírito Santo e em vários estados brasileiros: a Febre do Oropouche.

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São vários os perigos decorrentes das arboviroses. Os principais estão diretamente ligados as complicações graves que elas podem desencadear.

Crianças, idosos e pessoas com sistemas imunológicos comprometidos fazem parte dos grupos mais vuleneráveis e sucetíveis a essas complicações. Os sintomas costumam variam, porém, não é nada raro serem bastante parecidos o que pode dificultar o diagnóstico rápido e preciso. 

Febre, dores musculares, dores de cabeça, erupções cutâneas e, em situações mais  graves, podem acontecer complicações neurológicas, hemorrágicas e até mesmo a morte.

Sobre esse assunto, a reportagem conversou com a médica infectologista Martina Zanotti. Médica formada pela EMESCAM é infectologista formada pelo HUCAM/UFES , pós graduada em controle de infecção hospitalar e infectologista do Vitória Apart Hospital.

CONFIRA A ENTREVISTA

1. As arboviroses estão sempre presentes na vida da população e, atualmente, têm afetado muito a saúde das pessoas. Dengue, Zyka, Chykungunia e agora, Febre do Oropouche. Como isso impacta na qualidade de vida da população?

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Dra. Martina Zanotti é médica infectologista

R: Impacta muito em várias áreas da vida, como absenteísmo ao trabalho, consequente sobrecarga dos trabalhadores, afeta no lazer e no bem-estar, sobrecarrega serviços de saúde, aumenta óbitos, com perdas de entes queridos, muitas vezes pessoas que se encontravam totalmente saudáveis. 

Uma delas, que é a chikungunya, pode causar dores articulares intensas por tempo prolongado, comprometendo sono, atividades de casa, trabalho e lazer, gerando ansiedade e depressão.

2. Encontrar tratamentos eficientes e vencer complicações é um desafio para os médicos dessa área?

R: Sim, porque essas doenças até o momento não possuem um tratamento específico, um remédio que acabe com o vírus. O tratamento é somente dos sintomas e de suporte para evitar complicações.

3. Existem pesquisas e estudos para tentar avançar nesse quesito?

R: Sim, vários em andamento, mas nada conclusivo ainda.

4. Quais os maiores desafios para a área da saúde quando se fala em infecções por arboviroses?

R: Fazer o diagnóstico precoce, ter profissionais capacitados e atualizados continuamente para manejar e evitar as complicações.

5. É preciso ficar preocupado com a chegada da Febre do Oropouche? Há risco de morte?

R: Sim, quanto mais casos, maior chance de óbito, embora o risco tenha se mostrado inferior ao da dengue.

6. Os sintomas são muito parecidos com os da dengue. O PCR torna-se fundamental para eliminar a possibilidade de se estar com a doença?

R: Sim, para termos o diagnóstico de certeza somente com o exame laboratorial.

7. Existe grupo de risco para doença?

R: Sim, crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades.

8. Em tempos de Covid-19, influenza e mais as arboviroses muito se fala em coinfecção. É preciso ficar mais atento ao paciente que chega em busca de ajuda?

R: Com certeza, e é importante conhecer bem todas as doenças para fazer o diagnóstico correto. As arboviroses costumam cursar com febre, mal-estar, dor de cabeça e dor no corpo. Covid e influenza além desses sintomas se apresentam com sintomas respiratórios, como coriza, dor de garganta, tosse e espirros.

Baixa adesão às vacinas

Martina destacou também outras questões importantes relacionadas às principais arboviroses em circulação no país e no estado. 

"Das arboviroses, a que tem maior mortalidade é a dengue. Temos uma vacina segura e eficaz, que agora está sendo disponibilizada gratuitamente para determinada população. Mesmo assim a cobertura vacinal está muito baixa. Isso é um grande problema".

O mesmo problema é identificado para o imunizante disponível contra a influenza (gripe). "Temos uma ótima vacina disponível gratuitamente para os grupos com maior risco de terem complicações e morrerem pela doença. Mesmo assim a cobertura não está boa".

A infectologista ainda listou alguns pontos-chave para diferenciar as arboviroses antes da confirmação laboratorial:

DENGUE: tem febre mais alta e mais dor muscular. As manchas no corpo aparecem mais no final da doença. Tem quedas de plaquetas de forma mais significativa.

ZIKA: as manchas no corpo são mais precoces, aparecem logo no início e a febre é mais baixa ou ausente. Pode ter conjuntivite associada

CHIKUNGUNYA: o predominante é dor e inchaço nas juntas, que podem persistir por tempo prolongado.

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