Saúde

"Ganhei uma nova vida", diz homem que recebeu coração artificial

Após sofrer três infartos, homem de 59 anos, é transplantado artificialmente pela primeira vez, no Espírito Santo

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: THAMIRIS GUIDONI
Silvestre Pereira, durante coletiva, em hospital da Serra, na tarde desta quarta-feira (14). 

Após sofrer três infartos e ver sua vida em risco, Silvestre Pereira da Silva, de 56 anos, foi transplantado com um coração artificial. É a primeira vez que a técnica é realizada no Espírito Santo. O dispositivo que permite o implante chegou no Brasil há cerca de um ano. Até o momento, seis pessoas já passaram pelo procedimento de implantação no país. 

O implante é considerado o mais moderno do mundo, conhecido como HeartMate III. O aparelho foi aprovado em 2017 pela Food and Druga Administration (FDA), agência reguladora americana.

Na tarde desta quarta-feira (14), o transplantado Silvestre Pereira concedeu uma coletiva no Hospital Metropolitano e falou sobre sua recuperação. "Não sinto nenhum desconforto. O que ainda estou recuperando e em relação as consequências de não ter tratado meu problema na hora certa e só ter procurado o hospital quando estava em estado grave. Mas, no geral a cicatrização foi rápida e hoje estou vivendo tranquilo e bem com isso", comentou Pereira.

O coração artificial ainda possui um sistema inteligente que alerta o paciente, por meio de um dispositivo externo que informa sobre os cuidados necessários. "Quando eu fico muito tempo sem tomar água, comer ou é necessário ir ao hospital ele me avisa", explicou Pereira.

O paciente comenta que ainda está sob observações, mas que logo poderá retomar as atividades normais. "Vou poder andar sozinho, até mesmo pedalar de bicicleta, vou voltar a ter uma rotina normal, sem problemas. Eu estou muito contente com essa nova vida, com essa nova oportunidade. Eu só tenho a agradecer a Deus", finalizou.

De acordo com a cardiologista Fernanda Bento, que acompanhou Silvestre desde o início do procedimento, o HeartMate III permitiu que Silvestre deixasse o quadro de insuficiência cardíaca avançada grave, com um coração que não resistia mais, para um paciente com qualidade de vida totalmente recuperada e com capacidade de voltar a fazer tudo normalmente, inclusive esportes.

Procedimento no Sistema Único de Saúde

A Secretaria de Estado da Saúde, informou na tarde desta quarta-feira (14), que a implantação do procedimento no SUS depende da definição do Ministério da Saúde, não havendo previsão do fornecimento de transplantes artificiais na rede pública de saúde.

Transplantes de órgãos no Espírito Santo

No ano passado, foram realizados no Estado 486 transplantes, incluindo córnea, rim, fígado e coração. Hoje, 936 pessoas, entre adultos e crianças precisam de um rim, 73 precisam da doação de córnea, 44 de um fígado e cinco de um coração. Segundo os dados da ABTO, até junho deste ano, no Espírito Santo, 66 pessoas não resistiram à espera por um transplante e acabaram morrendo.

No Brasil

Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2018 o país deve realizar 26.400 transplantes. Desse total, 8.690 serão órgãos sólidos (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim e pâncreas rim), registrando recorde em comparação aos últimos oito anos. Na projeção para todo o ano de 2018, os transplantes de córnea, no entanto, apontam redução. Esse é reflexo da redução da lista de espera em alguns estados, por exemplo; Amazonas, Ceará, Goiás, Pernambuco e Paraná tiveram desempenho médio de transplantes de córnea, superior ao da média de pacientes na lista de espera, nos últimos três meses, portanto, são considerados na situação de lista zerada. 

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