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Dona de lava-jato se sente culpada pela morte de Cristiano Araújo

As rodas foram dadas de presente ao motorista do cantor por um ex-jogador de futebol. Ele admitiu que as rodas eram velhas, foram compradas em 2012

A dona do lava-jato diz que poderia ter ajudado Foto: R7

A dona de um lava-jato, para onde o carro de Cristiano Araujo foi levado na véspera do acidente, acredita que poderia ter evitado a morte do cantor e da namorada, Allana Moraes. Uma das hipóteses para o acidente seria uma falha em uma das rodas do carro. A peça não era original de fábrica e tinha marcas de solda. Ela pode ter se rompido durante a viagem. 

As rodas foram dadas de presente ao motorista do cantor por um ex-jogador de futebol. Ele admitiu que as rodas eram velhas, foram compradas em 2012, e que já tinham passado por reparos. Primeiro numa oficina em Porto Alegre e depois em Goiânia. É permitida a troca de rodas e pneus originais desde que sejam respeitadas as recomendações do fabricante e também de um especialista. 

Um dia antes do acidente, o sertanejo levou o carro para ser lavado. O dono do estabelecimento percebeu que tinha algo errado com as rodas do veículo. “No ato da lavada, a gente observou que essa roda, justamente a roda traseira do lado do carona, do lado direito, apresentava varias soldas”, informou Fábio.

Com tantos anos de prática, ele sabe o que representa uma solda em uma roda de liga leve. “Uma roda de liga leve hoje em dia a gente sabe que quebrou, não presta, não se aceita solda, joga fora, compra outra”, afirmou.

Katiuscia, esposa de Fábio, também dona do lava-jato, foi quem entregou o carro para Ronaldo, motorista de Cristiano. “Mostrei a roda, bati com o pé na roda e falei: ‘olha, essa roda tem solda, isso para vocês que viajam é perigoso’. Ai ele olhou para mim. Eu acho que ele tentou entender o que eu estava dizendo, né? Porque ele olhou espantado e falou: ‘não, o serviço é bem feito’. Mas ele não imaginava a gravidade”.

Ela e o marido levaram um susto quando viram a notícia do acidente na TV. Dias depois, Katiuscia ainda se sente um pouco responsável pelo o que aconteceu. “Eu gostaria de ter tido poder para falar ‘vocês não vão nesse carro’. Tinha mais dois carros na garagem”, contou.

Ela também defendeu o motorista. Para ela, Ronaldo não teve culpa de nada. “Eu acredito que se ele soubesse da gravidade da situação da roda, ele jamais teria viajado naquele carro, porque além de motorista, ele era amigo pessoal do Cristiano”, disse.

O carro ficou completamente destruído após o acidente Foto: R7

Depoimentos 

Esta semana a polícia começou a ouvir os envolvidos no acidente do cantor. O motorista e o empresário de Cristiano Araujo prestaram depoimento. Os dois estavam no carro e sobreviveram ao acidente.

Ronaldo Ribeiro, o motorista, admitiu que estava acima da velocidade permitida, mas não sabe dizer quanto. O empresário, Vitor Leonardo, que estava no banco do passageiro, disse que mexia no celular no momento do acidente, e por isso não soube dizer se o carro estava mesmo em alta velocidade, mas confirmou que o veículo teve um problema com uma das rodas. Segundo Vitor, um dos pneus teria estourado e, logo em seguida, o motorista perdeu o controle da direção e saiu da pista. 

Cristiano Araujo viajava no banco traseiro, deitado no colo da namorada. Com o impacto do acidente, o casal foi arremessado para fora do veículo. Segundo peritos, Cristiano teria sido arremessado pela porta traseira e Allana, pelo teto solar. 

A polícia acredita que se eles estivessem com o cinto de segurança as chances de sobreviver seriam maiores. Apesar da gravidade do acidente, o interior do veículo ficou preservado por conta aos air bags.

“Caixa-preta”

Engenheiros da montadora inglesa que fabrica o modelo de carro envolvido no acidente retiraram o computador de bordo do veículo. Ele tem uma espécie de “caixa-preta” que vai apontar a velocidade exata que o carro estava no momento em que saiu da pista. 

Um motorista de ônibus também viajava pela BR-153 e cruzou com o carro do cantor minutos antes do acidente. Ele não tem dúvidas: o carro onde estava o sertanejo corria muito. “Eles deviam estar a 180, 200 km no mínimo. Eu pensei comigo mesmo: ‘esse dai vai dar coisa que não presta lá na frente’, pela velocidade que eles passaram”, destacou o motorista.

As rodas estão sendo periciadas no Instituto de Criminalística de Goiânia. O laudo, que vai conformar o que aconteceu, deve ficar pronto até o fim do mês. 

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