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Ministério Público vai investigar possíveis contaminações em bolsas de sangue em Vitória

O caso veio à tona após uma mulher de 54 anos morrer e um idoso de 70 ser internado ao receberem sangue. Os dois casos foram notificados à Anvisa

Segundo o Hucam, possíveis contaminações teriam sido provocadas por bactérias distintas Foto: Divulgação

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Vitória, instaurou procedimento para investigar as possíveis contaminações em bolsas de sangue, que teriam resultado na morte de uma mulher de 54 anos e na internação de um idoso de 70 anos. Os dois casos foram notificados para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e uma investigação deverá apontar as causas das supostas contaminações. 

De acordo com o Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), as possíveis contaminações teriam sido provocadas por bactérias distintas e que as bolsas de sangue vieram de doadores diferentes. Além disso, ambas foram coletadas no Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes).

A mulher que morreu recebeu o sangue no próprio hemocentro e o idoso, no hospital. Segundo a superintendência do Hucam, todas as situações serão analisadas nos próximos dias por uma equipe de especialistas.

"[O caso] Ainda está em processo de análise. Nós ainda não temos o resultado final de qual bactéria contaminou possivelmente essa bolsa [da mulher que morreu]. Já nesse segundo caso, o paciente evoluiu de forma satisfatória. Ele continua sendo acompanhado por nossa equipe de hematologia, mas já foi para casa, já recebeu alta, e encontra-se em perfeito estado", destacou o superintendente substituto do Hucam, Márcio Martins. Ele ressaltou ainda que, nos últimos dois anos, mais de 8 mil transfusões foram realizadas dentro do hospital e nenhum caso parecido foi registrado nesse período.

O protocolo de doações e transfusões determina que 100% das bolsas de sangue coletadas sejam examinadas. O objetivo é verificar a existência ou não de algum tipo de vírus, antes de serem disponibilizadas para pacientes. Como os casos envolvendo bactérias são bem mais raros, 15% do material coletado passa por uma análise para checar a presença delas.

"Todo doador passa por uma triagem sobre doenças infecciosas, que podem ser transmitidas durante uma transfusão, como a hepatite, HIV e sífilis. E se existe algum indício de alguma dessas doenças, essas bolsas são descartadas", frisou o superintendente do Hucam.

Normas de segurança

Diante dos casos, algumas normas de segurança deverão ser reavaliadas. De acordo com a diretora-técnica do Hucam, Graça Gomes, para afastar o risco de uma nova contaminação, o estoque atual de sangue do hospital também deverá passar por novos testes.

"Estaremos fazendo, no nosso pequeno estoque, o nosso controle de qualidade e pesquisa de contaminação bacteriana, para minimizar ou zerar qualquer possível efeito para os nossos pacientes que estão internados no momento", salientou.

Sobre a preocupação de que, diante das possíveis contaminações, o número de doações acabe diminuindo, o diretor-geral do Hemoes, Clio Venturim, ressaltou que a coleta de sangue é um procedimento bastante seguro.

"De 60 mil transfusões que nós fazemos por ano, tivemos agora dois casos. Esses dois casos nos da uma prevalência de 0,003%, que é uma prevalência muito baixa, o que garante que o procedimento é seguro, apesar de ter um risco irrisório", afirmou.

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