Polícia

Taxista foi morto em Cachoeiro por chamar morador de rua de ‘cachaceiro’ e ‘drogado’

Ele prestou depoimento ao delegado responsável pelo caso e confessou a morte de outro morador de rua, morto em janeiro deste ano, próximo à Delegacia da Mulher

Douglas Quinelato Martins Ferreira confessou o assassinato do taxista Márcio de Jesus Foto: ​Divulgação PC

O morador de rua Douglas Quinelato Martins Ferreira, de 31 anos, confessou, em depoimento prestado à Polícia Civil, o assassinato do taxista Márcio de Jesus, de 39 anos, ocorrido no último dia 3, e também a morte do também morador de rua Hélio de Araújo da Silva, no dia 2 de janeiro deste ano. Douglas foi preso pela Polícia Militar no fim de semana, depois que a Justiça decretou sua prisão temporária de 30 dias.

Segundo o delegado Guilherme Eugênio, responsável pelas investigações, Douglas contou que a morte não foi motivada por R$ 60, e sim, por ter sido chamado de ‘cachaceiro’ e ‘drogado’ pela vítima.

“Ele disse que de fato houve a venda do celular, que na verdade foi um troca de aparelhos entre eles. Nem Douglas e nem Márcio ficaram satisfeitos o negócio foi desfeito. Na ocasião, Márcio pagou R$ 60 de diferença, mas Douglas disse que pagou posteriormente essa quantia, dividida em duas vezes de R$ 30.

Ele contou que se sentia humilhado porque a vítima falava que era para ele parar de beber e procurar trabalho. Quando ele ia pedir dinheiro aos taxistas para beber cachaça, Márcio o chamava de ‘cachaceiro’ e ‘drogado’, e se sentia ofendido”, explica o delegado.

Douglas contou ainda que tomava banho no banheiro dos taxistas e uma semana antes do crime, estava conversando com um taxista e o Márcio o ofendeu.

“Foi um crime premeditado. Planejou por horas, não por dia. Douglas estava com muita raiva da vítima. Ele disse que naquele dia se encontrou com os três comparsas, segundo ele menores de idade, que não são moradores de rua, mas tinham uma arma que passava de mão em mão. Um deles também tinha raiva da vítima, e montaram um consórcio para matar Márcio”, continua Eugênio.

O atirador ressaltou que recebeu a arma do menor já próximo ao local do crime. “Ele disse que efetuou seis disparos, mas dois tiros mascaram e só saíram quatro. Douglas disse que é homem e não atira pelas costas. Quando chegou ao local, já começou a efetuar os tiros. Depois, jogou a arma, um revólver calibre 38, no chão e chutou em direção aos meninos. O suspeito comentou que os meninos só ficaram lá esperando a devolução da arma e, ao observar o vídeo, vi que isso realmente procede”, frisa o delegado. Os três envolvidos no crime ainda não foram identificados pela polícia. 

Vida das ruas

Ainda no depoimento, Douglas contou ao delegado que recebe um benefício previdenciário do INSS de auxílio para dependentes químicos. A mãe do suspeito, já tinha contado na delegacia que ele se internava e uma clínica de reabilitação para conseguir o benefício. Assim que recebia o dinheiro, ele voltava para as ruas para consumir mais drogas.

“Ele morava na rua há seis meses. Era casado e tem um filho adolescente, que ele não cuida e não ajuda. Ele foi casado por dois anos e se separou há seis meses, quando foi morar na rua. Ele usa drogas desde os 12 anos, mas fala que nos últimos seis meses se livrou do crack e que a droga deles agora é a cachaça, que ele bebe todos os dias. Ele já foi traficante e também gerente de uma boca de fumo”, disse o delegado.

Douglas contou que sofreu problemas mentais e se tratou no Centro de Atendimento Psiquiátrico Dr. Aristides (Capaac). Ele também já trabalhou como pedreiro e eletricista. “Ele disse que vai pagar pelo que ele fez ‘de boa’”, afirma Eugênio.

Mais um assassinato

A camisa, boné e mochila usados por Douglas no dia da morte do taxista foi apreendida pela polícia Foto: ​Alissandra Mendes

Douglas também confessou o assassinato de Hélio de Araújo da Silva, ocorrido no dia 2 de janeiro. “Ele disse que estava com outro morador de rua e eles brigaram com o Hélio horas mais cedo por causa de cachaça. Poucos minutos depois, ele e dois comparsas, também moradores de rua, se encontraram próximo à Praça Jerônimo Monteiro, e encontraram outro mendigo e deram uma surra por ele ser ‘estuprador’. Esse cara chamou a polícia e eles foram abordados, mas não foi constatada a prática de crime”, explica.

A vítima foi morta com golpes de garrafa. “Em seguida, caminharam com a vítima até próximo a Delegacia da Mulher, quando a vítima começou a dormir e um dos comparsas foi comprar uma pedra de crack e o Douglas ficou no local com o outro amigo. Esse amigo, pegou uma garrafa de cachaça e acertou a cabeça da vítima. Com a garrafa quebrada, o Douglas pegou a mesma garrafa e desferiu novos golpes. O outro amigo voltou e viu que estavam matando a vítima e resolver dar uma ‘ajudinha’ e também desferiu mais golpes”, ressalta o delegado.

Os outros moradores de rua que participaram do crime já foram identificados pela polícia, porém, ainda com a localização incerta. “Eles se levaram em um posto de combustível e foram dormir na porta de uma supermercado, no bairro Guandu”, completa Guilherme Eugênio.

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