Polícia

Repelentes comprados pelo Governo do Estado custaram o triplo do valor de mercado, aponta investigação

Cada unidade foi comprada pela Sesa por R$ 23,50, enquanto a Prefeitura da Serra comprou cada frasco, na mesma época e com o mesmo princípio ativo, por apenas R$ 8,80

Governo do Estado chegou a pagar o triplo do valor pago pela Prefeitura da Serra em cada frasco de repelente Foto: TV Vitória

O Governo do Espírito Santo chegou a pagar três vezes mais em cada unidade de repelente adquirido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) no início deste ano. O fato foi constatado durante as investigações que culminaram na deflagração da segunda fase da Operação Alquimia, ocorrida nesta quarta-feira (17).

Segundo as investigações, cada unidade foi comprada pela Sesa por R$ 23,50, enquanto a Prefeitura da Serra, por exemplo, comprou cada frasco, na mesma época e com o mesmo princípio ativo, por apenas R$ 8,80. Segundo a polícia, o rombo nas contas publicas ultrapassa o valor de R$ 1 milhão.

Em maio deste ano, o ex-subsecretário estadual de saúde para assuntos administrativos, José Hermínio Ribeiro, chegou a pedir exoneração do cargo, após o governo admitir indícios dessas irregularidades na compra de 75 mil frascos de repelentes para gestantes. José Hermínio foi preso nesta quarta-feira, durante a segunda fase da operação do Núcleo de Repressão as Organizações Criminosas (Nuroc). Ele foi encaminhado para o Presídio de Viana.

José Hermínio foi preso na manhã desta quarta-feira Foto: Reprodução Facebook

Uma secretária de José Hermínio, que ainda não teve o nome divulgado, também chegou a ser presa na manhã desta quarta-feira. No entanto, segundo a polícia, ela teve a prisão revogada por ter contribuído para as investigações e foi liberada.

Durante a operação desta quarta-feira, alguns documentos foram apreendidos. Segundo a polícia, arquivos de computadores, que estão sendo analisados, podem ajudar na investigação. A polícia admite ainda que outras pessoas podem estar envolvidas no esquema. 

"Está tudo muito bem amarrado, seja através das informações da Sesa, seja através dos relatórios da auditoria e seja através da investigação policial. Então foi muito importante realizar as conduções coercitivas, em alguns casos, e também os pedidos de prisão temporária, todos eles ratificados e confirmados pelo Judiciário", ressaltou o secretário de segurança, André Garcia. 

Primeira fase

Médica foi presa durante a primeira fase da operação, mas foi solta após defesa entrar com pedido de Habeas Corpus Foto: Reprodução

A primeira fase da Operação Alquimia teve início na semana passada, quando uma médica servidora pública também foi presa, suspeita de cometer fraude em contratações de empresas terceirizadas para a Secretaria de Estado da Saúde. A servidora, no entanto, foi solta no dia seguinte, após um pedido de Habeas Corpus feito pela defesa. 

Segundo André Garcia, as investigações continuam e outros mandados poderão ser cumpridos nos próximos dias. "A operação está começando agora, nós estamos só na segunda fase. Muita gente ainda vai ser ouvida e nós vamos ter, mais para frente, outros mandados a cumprir, talvez de prisão ou não, busca e apreensão, enfim. O que for necessário fazer, nós vamos fazer com o apoio do Judiciário e do Ministério Público", destacou o secretário.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que pediu investigação assim que descobriu os primeiros indícios de irregularidades nas licitações. A Sesa também disse que reforçou o controle interno, para evitar que novos problemas aconteçam. 

A produção da TV Vitória/Record tentou, mas não conseguiu contato com o ex-subsecretário de Saúde, José Hermínio, nem com a advogada dele.

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