Polícia

Bebê de grávida baleada pelo próprio marido morre nesta terça-feira

A criança, uma menina, precisou ser retirada da barriga da mãe às pressas, com apenas seis meses de gestação. Desde então ela estava internada na UTI Neonatal

A bebê estava internada na UTI Neonatal do Hospital Jayme dos Santos Neves Foto: TV Vitória

O bebê, retirado às pressas da barriga da mãe baleada pelo próprio marido, em Vila Velha, morreu no início da tarde desta terça-feira (10). A criança, uma menina, estava internada na UTI Neonatal do Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra.

Desde domingo (08), médicos do hospital onde a criança estava internada tentavam salvar a vida dela, que precisou ser retirada da barriga da mãe aos seis meses de gestação. O corpo do bebê foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML), em Vitória.

A mãe da criança, Emanoela Zandomeneghe Moreira, de 23 anos, foi operada depois de ser atingida na barriga por um tiro disparado pelo próprio marido, o agente penitenciário Rafael Zardo Neto, de 34 anos. Ela segue internada, em estado grave, também no Jayme dos Santos Neves.

Já Rafael continua preso no Centro de Detenção Provisória de Viana. Ele foi encaminhado para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde foi autuado por tentativa de homicídio por dolo eventual (feminicídio), embriaguez ao volante e posse de drogas.

O disparo aconteceu dentro do carro do casal, na madrugada do último domingo (08), quando Rafael e Emanoela voltavam de um show, em Guarapari, por volta das 5 horas. Eles passavam pela Rodovia do Sol em direção a Vila Velha. 

Motivo

Emanoela segue internada em estado grave Foto: Reprodução

O motivo que levou o agente penitenciário a atirar contra a própria esposa ainda não foi esclarecido. Os advogados de Rafael falaram com exclusividade para a equipe da TV Vitória/Record TV e defendem que o disparo foi acidental.

"Houve algumas confusões na casa de shows e, na volta para Vila Velha, onde ele reside, uma moto ou um automóvel estaria o perseguindo, por conta de uma confusão de trânsito, ocorrida quando eles chegaram à casa de shows. Ele disse que houve um certo entrevero entre ele e a esposa e ela teria dado um tapa, encostado na arma, e teria ocasionado o disparo", explicou o advogado Cristiano Hehr Garcia.

Segundo o advogado, Rafael está em choque e a notícia da morte do bebê o deixou ainda mais abalado. Ele disse ainda que o agente penitenciário tem dificuldade para lembrar do momento do disparo, mas contou com detalhes o que se passou em seguida.

"Quando a esposa falou que ela teria recebido o tiro e que estava sangrando, ele ficou desesperado - acho que as câmeras vão provar isso - e ele sai a 160 por hora, na Rodovia do Sol, em direção ao primeiro hospital disponível. Ele mandou chamar a policia porque houve um disparo acidental", afirmou Garcia.

No entanto, policiais da DHPP colheram o depoimento de Emanoela no hospital e afirmam que ela desmentiu a versão do marido, dizendo que o tiro foi intencional. Os advogados relatam que foram acionados pela família da própria vítima, porque essa versão seria diferente da que ela contou aos familiares.

"O primeiro contato, como advogado, foi por intermédio da família dela. Inclusive ela conta uma história totalmente diferente do que saiu na imprensa", disse Garcia.

A família de Emanoela ainda não quis se manifestar sobre o ocorrido. O casal tem uma academia em Vila Velha, que permanece fechada desde então.

A reportagem da TV Vitória/Record TV entrou em contato novamente com a Polícia Civil, que informou que Rafael, informalmente, disse para a delegada de plantão que teria sido vítima de um assalto. Com isso, ao revidar, atingiu a companheira. Porém, na formalização do depoimento, ficou em silêncio. 

Já Emanoela, após passar por cirurgias, conversou com os policiais civis da DHPP e negou a versão apresentada por seu companheiro. Ela teria dito que o disparo foi durante uma discussão entre eles, na Rodovia do Sol, quando os dois voltavam de um show em Guarapari.

Processos e faltas

Rafael foi levado para a delegacia e, em seguida, encaminhado para o presídio Foto: TV Vitória

Rafael é agente penitenciário há quase nove anos e já responde a outros dois processos, ambos no sul do Estado: um em Jerônimo Monteiro, por disparo de arma de fogo, e o outro em Castelo, na saída de um show. 

De acordo com a acusação, em outra oportunidade ele teria se envolvido numa briga, dado uma coronhada em outra pessoa e se apresentado como policial civil. Nos dois processos ainda não há decisão da justiça.

"É uma questão muito peculiar. São pessoas muito visadas e que vira e mexe são provocadas. Então questões pretéritas são questões pretéritas. O que aconteceu em outras situações estão em grau de recurso e possivelmente ele sera absolvido", disse o advogado.

Além disso, desde julho de 2008, quando foi efetivado na Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Rafael faltou bastante ao serviço. De acordo com o Portal da Transparência do Governo do Estado, só de ausências injustificadas foram 75.

Os dias em que Rafael faltou por licença médica somariam mais de um ano: foram 370 dias. Isso sem contar um afastamento por decisão judicial, que aconteceu no período de 31 de março a 13 de abril de 2012.

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