Economia

Indústria 4.0 e drones no dia a dia estão mudando a nossa vida

Internet das coisas possibilitou o uso de drones da rotina: construção civil, área petroleira e a agricultura se beneficiam na tecnologia

Saelly Pagung *Estagiário

Redação Folha Vitória
Foto: AERO
ndústria 4.0 impulsiona o uso de drones em diferentes áreas

Já não vivemos o mesmo mundo. Se no século passado se registravam os primeiros sinais da Globalização, na qual alcançávamos um patamar em que pessoas de todo planeta se aproximavam, hoje vivemos a era das máquinas inteligentes, em que objetos e dispositivos passaram a se conectar à internet, permitindo uma comunicação entre si, com outras máquinas, sistemas de informações e, inclusive, com as pessoas. Trata-se da Quarta Revolução Industrial.

Também conhecida como Indústria 4.0, essa é uma resposta ao movimento de transformação digital que a sociedade vive. Movimento que une a inteligência artificial, que é similaridade humana exibida por mecanismos ou softwares, a internet das coisas (IoT), capacidade de se conectar dispositivos e “coisas” à internet, e o Big Data, poder de tratar um grande número de dados gerados pelo trabalho de conectividade e sensoriamento dos processos industriais, por meio do armazenamento na nuvem.

Neste novo momento, a automatização dos processos deixa de ser, por si só, suficiente. Processos passam a ser mais inteligentes e automáticos. E essa realidade não se trata de uma escolha, mas de uma necessidade. Por isso, ainda em sala de aula, estudantes são preparados para a Quarta Revolução Industrial, conforme afirma o superintendente do Sesi e diretor regional do Senai, Mateus Simões. 

"Do ensino infantil ao médio, estudantes têm suas Soft Skills -competências que englobam a personalidade e o comportamento do profissional - desenvolvidas e já crescem sabendo aplicar os conhecimentos da era 4.0. A robótica é inserida dentro de todas as disciplinas em sala de aula; a metodologia Maker faz do estudante o protagonista da sua educação e o empreendedorismo é apresentado como uma possibilidade para o futuro", explica Simões.

Edglei Marques, gerente de tecnologia e inovação do Senai, ressalta que essa situação mudou porque a sociedade se transformou. “Antes, não se tinha a capacidade de ler tantos dados assim. Hoje, com a melhoria da internet e da capacidade do armazenamento na nuvem, não só conseguimos fazer isso, como precisamos desse avanço para suprir a necessidade do homem que vive a Indústria 4.0 e deseja a personificação de seus produtos”, explica.

A demanda da indústria atual é melhorar sua produtividade para, cada vez mais, atender a individualidade do usuário.  O consultor de processo produtivo do Senai, Gabriel da Silva Lecchi, ressalta que esse é um processo longo e que necessita o desenvolvimento da filosofia do Lean Manufacturing (ou “manufatura enxuta”), desenvolvida pela indústria alemã Toyota, que tem como objetivo conseguir, a partir de um conjunto de ferramentas, identificar, resolver e mitigar os desperdícios. “Essa filosofia acredita que o problema sempre existe, mas tenta identificá-los e conseguir com que as ferramentas corretas sejam aplicadas, diminuindo os desperdícios e, com isso, aumentando a produtividade industrial”, afirma Lecchi.

Foto: Siemens
Fábrica de eletrônicos Siemens, na Alemanha

A Siemens AG, uma potência global com foco nas áreas de eletrificação, automação e digitalização, possui uma fábrica inteligente em Amberg, na Alemanha, que, ao produzir componentes eletrônicos, conseguiu que 75% do processo de produção do início ao fim seja realizado por máquinas e computadores. Os resultados? Ela reduziu o número de erros de 500 milhões de ações para apenas 11 milhões em 2015, atingindo uma taxa de qualidade de 99,9988%.

Em breve, a necessidade será realizar a demanda da personificação em escala. Para isso, os processos deverão ser otimizados, melhorando sua produtividade ao contar com o processo de conectividade e sensoriamento na análise de dados, sendo mais rápido e assertivo na tomada de decisão. E quem não se adequar, acabará fora do mercado por falta de competitividade. 

No vídeo abaixo o consultor de processo produtivo do Senai fala sobre essa necessidade de acompanhar essas mudanças:


Mudou-se a maneira de construir, plantar e de armazenar processos

Após os avanços dessa comunicação entre máquinas e dispositivos inteligentes, identificou-se um gap, ou seja, uma lacuna entre a forma como desenvolvíamos nossos processos e a necessidade de atender à Indústria 4.0, com uma busca pelo aumento da produtividade, pela diminuição dos erros e pelo objetivo em responder ao chamamento do consumidor, cada vez mais exigente.

Foto: Wired

Uma das respostas encontradas foi o drone, tecnicamente chamado de veículos aéreos não tripulados (VANTs), e que nos últimos três anos teve sua utilidade expandida ao se identificar a facilidade de uso. "Esses equipamentos se tornaram muito fáceis de se operar, tanto que uma pessoa sem conhecimento técnico específico consegue manusear um drone com certa eficiência", explica o especialista no assunto, Rafael Coelho, diretor técnico da VixFly Drones, empresa capixaba especializada no assunto.

Regulamentado no Brasil pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os drones estão democratizando o céu e sendo novos participantes na aviação. Até julho deste ano, o país contava com mais de 73 mil drones cadastrados, estando 1.328 desses no Espírito Santo, frente a 25 mil na cidade de São Paulo, que ocupa o primeiro lugar do ranking nacional. 

E você sabia que no Brasil o uso de drones para recreação está ganhando na quantidade de pilotos registrados na Anac? Do total de drones cadastrados, 46.485 são para uso recreativo, enquanto 26.832 são usados de forma profissional.

E os drones de fato mudaram a maneira como processos são realizados e mostram que não apenas vieram para ficar, como representam a mudança da logística global. No dia a dia, eles passaram a desempenhar papeis de destaques em setores da economia, sendo utilizados na agricultura, na engenharia, na segurança e até mesmo em transporte de produtos, por exemplo.

Na construção civil

Foto: Google Images
Drones trazem agilidade, segurança e economia para obras

No ramo da construção, obras agora possuem um novo e moderno aliado para apresentar mais eficácia em sua entrega. Por possuir diferentes tipos de sensores e câmeras instalados, como câmeras termográficas que fazem medição de calor, os drones permitem uma noção diferenciada para inspecionar prédios e realizar mapeamento de estruturas, por exemplo.

Segundo o diretor técnico da VixFly Drones, Rafael Coelho, essa tecnologia agiliza muitos processos, gerando economia e produtividade. “Com os drones, torna-se possível inspecionar a parede de um edifício e ter uma percepção mais rápida dos erros na execução, podendo mudar o planejamento em um menor tempo”, explica. 

Para ilustrar o raciocínio, pense em uma fissura na fachada de um prédio. Com o drone, abandona-se os andaimes, conseguindo verificar e corrigir a existência desse problema antes mesmo que ele aumente de tamanho.

Monitoramento de dutos e poços terrestres

Foto: Google Images
Os chamados "Cavalos-de-pau" usados na extração de petróleo

Outra possibilidade do uso de drones está no monitoramento de dutos e poços terrestres. No Espírito Santo, essa oportunidade surgiu do gargalo visualizado pela Petrobrás em sua estrutura operacional, dada que a inspeção de dutos e poços terrestres poderia e deveria ser otimizado. Como solução, a VixFly Drones apresentou em 2016 a proposta de realizar esse trabalho com o auxílio dos novos equipamentos, o que foi aceito pela petroleira e se encontra em fase de testes.

Para o analista de negócios do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás, Elimar Lorenzon, as grandes motivações para essa mudança foram três. "A rapidez de uma inspeção feita por um drone e uma maior abrangência em seu trabalho; a segurança do colaborador, que antes trabalhava em altura e corria o risco de cair; e, por fim, o preço, visto que uma inspeção feita por drones é mais barata", explica.

Na agricultura

Foto: Google Images
Drones são usados na agricultura

Uma pesquisa do Boston Consulting Group informa que a ‘revolução verde’ está promovendo uma onda de atividade de Startups em Tecnologia Agrícola (agtech), tanto que em 2015 as empresas do setor totalizaram um investimento de US $ 3 bilhões. E quando o assunto se refere apenas aos drones no setor agrícola, espera-se um crescimento de mais de 30% nas vendas do equipamento, atingindo US$ 4,2 milhões em 2022, segundo o Fórum Mundial Econômico.

"Alguns drones maiores podem ter acoplado em si certos sensores ou pulverizadores. No Brasil isso já é feito, e no Espírito Santo alguns produtores estão estudando essa possibilidade, principalmente para utilizá-los nas culturas de mamão e café", afirmou Coelho.

Saiba mais sobre a diversidade dos drones e o que espera dessa tecnologia para o futuro:



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