Saúde

Tecnologia de ponta na formação de médicos e enfermeiros

Salas de aulas contam com avanços tecnológicos que buscam oferecer uma compreensão mais profunda da fisiologia humana

Saelly Pagung *Estagiário

Redação Folha Vitória
Foto: CPMH
Impressões em 3D

Os benefícios da tecnológica também são aproveitados na formação e atualização de profissionais da área de saúde. Hoje, um médico consegue editar o DNA de um embrião humano para eliminar uma doença ou até mesmo praticar procedimentos cirúrgicos complicados em órgãos reproduzidos por uma impressora 3D

De acordo com o estudo do Fórum Econômico Mundial, caminhamos em direção à medicina de precisão, que oferece uma compreensão mais profunda da fisiologia humana usando insights genéticos e avanços na tecnologia.

Com o crescimento exponencial da informação de dados, torna-se possível abandonar a atual abordagem do “tamanho único” para direcionar os cuidados médicos às necessidades específicas de um paciente, permitindo que profissionais da área da saúde selecionem tratamentos com base no entendimento genético da doença do paciente e criem planos de tratamentos personalizados.

Visando isso, instituições de ensino superior tiveram que se adequar à realidade, fazendo com que os estudantes passem por um processo de aprendizado moderno, regado com o que há de mais novo no ramo para atender às exigências da área. O doutor em medicina e professor de medicina, ciência e tecnologia da Emescam, Hebert Cabral, ressalta que o espaço para médico do futuro é ao lado da inovação. “Busca-se abordar o paciente de uma forma cada vez mais eficiente, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Por isso, se um médico não acompanhar a evolução tecnológica, ele estará fora do mercado”, afirma.

Confira o vídeo sobre essa necessária parceria da medicina com a tecnologia:

Inovação: aulas tradicionais ficam para trás

Buscando fixar o conteúdo dado em sala de aula de forma definitiva no aluno, professores apostam nas metodologias de inovação, que abusam de aparatos tecnológicos para proporcionar uma melhor aprendizagem ao futuro profissional da saúde. Mesa 3D, que possibilita enxergar qualquer parte do corpo humano por diferentes ângulos; Impressora 3D, que reproduz órgãos humanos visando uma prática do ensino mais eficaz; e um Centro de Simulação, equipado com manequins de simulação realística.

A professora em tecnologia em saúde e telemedicina, Rosane Ernestina Mageste, ressalta que os equipamentos que proporcionam uma experiência em três dimensões possibilitam ver, de diferentes posições, órgãos e partes do corpo humano. “Com a Mesa 3D, eu posso selecionar por touch screen exatamente qual parte do corpo e em qual ângulo eu quero vê-lo. Sendo assim, é possível uma visão de dentro do osso, do cérebro ou de uma artéria específica, propiciando enxergá-los de frente, de lado, de cima. O aluno controla essas posições com base em suas necessidades de aprendizado”.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Alunos em aula prática com a Mesa 3D

Para o médico Gabriel Donato Amorim, que durante sua graduação teve acesso à essas inovações, a utilização da mesa proporcionou mais associações do cérebro para aprender os conteúdos. “Com essa tecnologia, deixamos de ver os órgãos humanos por uma única perspectiva, como são mostrados nos livros, para enxergá-los por diferentes ângulos. Como você diversifica a forma como aprende o assunto, simplifica-se o aprendizado por meio de interações diferentes”.

A Impressora 3D é outro aparato que desde os primeiros períodos do curso é apresentado aos estudantes. O equipamento imprime de forma tridimensional ossos, cartilagens ou qualquer outra parte do corpo humano que o médico ou o professor queira reproduzir, seja para estudar determinado procedimento antes de realizá-lo no paciente, ou para ensinar o aluno determinado assunto. 

"O aluno pode imprimir um osso, por exemplo, e levá-lo consigo, o que não poderia acontecer com um osso de verdade, até por questões éticas. Esse equipamento proporciona experiências antes inimagináveis para o estudante e que hoje são fundamentais para o seu processo de aprendizado, tornando-o um futuro profissional melhor preparado”, afirma a professora Rosane.

No vídeo, é possível observar como esse processo acontece:

Outro diferencial no aprendizado do estudante é o Centro de Habilidades e Simulação, chamado Grand Tech. Com ele é aplicado ao aluno uma tecnologia de metodologia ativa onde o estudante, durante toda sua graduação, tem aulas práticas dentro do eixo de medicina de urgência. Ou seja, toda a teoria aprendida em sala de aula é trazida para a prática, agrupando outras disciplinas, de forma que o aluno possa simular uma situação real com manequins de simulação realística, se tornando um profissional melhor preparado para quando chegar o momento de ir para o hospital praticar todos esses aprendizados em pessoas reais.

“O nosso objetivo é que o aluno saia do Grand Tech como um primeiro socorrista. No primeiro período ele aprende a fazer uma reanimação cardiopulmonar (RCP) e a identificar um paciente com acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, podendo aumentar a complexidade gradativamente, até chegar no internato, quando ele realiza um plantão”, explica a gerente do Grand Tech, Simone Duarte.

Para o estudante de enfermagem, Leonardo Gomes da Silva, o Centro de Simulação, por ser um ambiente que se assemelha muito a um hospital, com manequins tão próximos à realidade, que falam, se movem e até sangram, é um ótimo aliado por ajudar a aprimorar a pratica em um contexto onde é permitido errar sem que esse paciente seja lesionado. “Saímos para o mercado de trabalho mais incorporado de teoria e prática”, conclui.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Cenário de atendimento ao paciente em parada cardiorrespiratória

A estudante de medicina, Isadora Santos Vidal, também ressalta a importância de aprender a lidar com o paciente de forma prática. “Como os manequins têm uma anatomia igual ao do corpo humano, desde o primeiro período aprendemos a fazer determinadas manobras da maneira correta e sem lesionar ninguém, o que nos proporciona maior segurança para quando tivermos que encarar a situação de forma real”, conta.

No áudio, Simone explica sobre os benefícios do Grand Tech na formação do aluno. Escute:

Simone Duarte

O Grand Tech é o único Centro da American Heart Association (AHA) no Espírito Santo. "O estudante de medicina da instituição, ao se formar, também sai certificado para o Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS), curso para treinamento em emergências médicas desenvolvido pela AHA, com validade internacional", ressalta Simone Duarte.

Busca por inovações se estende por toda vida profissional

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Celso Murad, pondera que os médicos têm a necessidade de se atualizarem constantemente. “Antes um conhecimento científico durava vinte anos, realidade essa impossível para hoje. Provavelmente essas duas décadas vão se transformar em cinco anos, e depois em dois e por aí vai. Determinados exames estão se extinguindo, como a videolaparoscopia (cirurgia por vídeo), vista como um procedimento clássico realizado por grandes cirurgiões, mas que ficou obsoleta. Se aqueles cirurgiões não se atualizaram, independente de seu renome, eles ficaram fora do mercado. Isso vai acontecer cada vez de forma mais rápida”, explica.

Para o presidente do CRM, a busca por novas tecnologias na medicina é responsável por proporcionar mais segurança ao paciente, maior qualidade do exame e um menor número de dano colateral possível. Contudo, mesmo com tanta tecnologia, a principal marca da medicina deve continuar sendo a relação médico-paciente. “Se todo esse progresso vier e provocar uma cisão nessa relação, tudo o que tiver sido feito talvez não tenha o benefício esperado, porque esse acolhimento que o profissional na área de saúde tem que ter com o paciente é fundamental para a prática médica”, finaliza.


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