Polícia

Suspeito de matar esposa na frente do filho ligou para família para pedir perdão

Antônio Júnior Cruz da Silva, suspeito de matar a facada Genaína Gomes dos Santos, no bairro Oriente, em Cariacica, continua foragido

Foto: Reprodução

Continua foragido o homem suspeito de ter esfaqueado e matado a esposa, a camareira Genaína Gomes dos Santos, 34 anos. O crime aconteceu na última quinta-feira (05), no bairro Oriente, em Cariacica. Segundo a família da vítima, mesmo sendo procurado pela polícia, Antônio Júnior Cruz da Silva, de 36 anos, ligou para pedir perdão.

A ligação teria sido feita de um número privado, segundo os familiares de Genaína. "Entrou em contato comigo ontem e pediu para eu perdoar ele. Eu não perdoo. Não tem perdão o que ele fez. Na verdade, quem perdoa é Deus", afirmou uma parente da vítima, que preferiu não se identificar.

A mãe de Genaína, Ângela Maria Gomes, de 58 anos, diz que também recebeu uma ligação do ex-genro. Para ela, nada que Antônio faça poderá superar a dor da ausência da filha. "Ele falou assim: 'Me perdoa. Eu não queria fazer isso'. Mas fez. Ela não volta mais", lamenta.

Pela segunda vez, em 14 anos, dona Ângela passou pela dor de perder uma filha vítima de feminicídio. "Há 14 anos eu enterrei uma e agora enterrei outra. É doído. Por que ele foi fazer isso com ela? Ela queria viver."

Em entrevista à equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV, a mãe de Genaína contou detalhes do crime. "Ele começou a discutir com ela: 'Você não vai ficar comigo, não? Então tá'! Virou e só deu tempo de dar uma facada. Foi fatal a facada, no pescoço dela. Quando eu cheguei, os meninos subiram: 'Vó, vó, vó, corre, vó! Corre'! Quando eu vi, balancei ela, corri, chamei meu marido. Meu marido desceu e quando meu marido subiu, já subiu chorando e falou: 'não dá tempo mais não. Ela está morta. Ele matou ela'", lembrou.

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Dona Ângela contou que a relação entre as duas era de confiança. Segundo ela, poucos dias antes de ser assassinada, a camareira desabafou sobre o casamento. "Ela falou: 'mãe, eu não quero homem nenhum mais na minha vida. Eu quero é viver minha vida sozinha com meus filhos. Eu quero passear, eu não quero mais ter compromisso com homem nenhum. Eu quero que o Júnior vá embora e ele não quer ir".

Os planos, no entanto, foram interrompidos. Sem aceitar o término, Antônio Júnior começou a mudar o comportamento em casa. "Ele já ficava mais sozinho. Eu chamava ele e ele: 'calma aí que eu tô indo'. Ele não subia, ficava mais deitado. Ela fazia o prato dele e ainda levava na cama para ele", contou dona Ângela.

O crime

Genaina Gomes dos Santos foi morta a facada dentro da residência onde ela morava há cerca de 15 anos com o marido, suspeito do crime, e com os três filhos. Um deles, de 14 anos, disse que presenciou o crime.

A familiares, o menino contou que todos estavam dormindo quando, no meio da madrugada, ele acordou com um barulho de discussão dos pais. Além dele, os dois irmãos mais novos do adolescente também estavam na residência e dormiam em um dos cômodos da casa.

De acordo com o filho da vítima, a mãe pedia para o pai deles ir embora da casa. Ela dizia que não queria mais manter o relacionamento. Foi quando homem pegou uma faca na cozinha e retornou, atingindo a mulher no pescoço.

Desesperado, o filho do casal foi em direção à rua e pediu ajuda na casa de parentes que moravam próximos da residência. Quando os familiares chegaram, encontraram a vítima caída e sem vida em um cômodo da casa. O suspeito fugiu a pé pelas ruas do bairro.

O corpo de Genaína foi levado ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. A vítima foi enterrada na manhã do dia seguinte.

Policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local do crime e o suspeito não foi localizado. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM).

Histórico de violência

Esta não foi a primeira vez que Ângela Maria Gomes perdeu uma filha para a violência. Em 2005, uma das filhas dela, na época com apenas 17 anos, foi assassinada a pauladas pelo então companheiro. O suspeito do crime de 14 anos atrás é primo de Antônio Júnior. 

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