Polícia

Agente penitenciário que baleou grávida no ES é afastado do cargo

A mulher segue internada no Hospital Jayme dos Santos Neves. O bebê, retirado às pressas da barriga da mãe, morreu no início da tarde da última terça-feira

O agente penitenciário segue detido Foto: TV Vitória

O afastamento do cargo de agente penitenciário, acusado de atirar contra a própria mulher, que estava grávida de seis meses, começou a valer nesta quinta-feira (12). Rafael Zardo Neto, de 34 anos, continua preso e agora não pode mais exercer a função na Secretaria de Justiça do Estado (Sejus) por 90 dias. A corregedoria vai continuar investigando o caso para determinar o futuro do agente. 

De acordo com o delegado Janderson Lube, responsável pelo caso, ainda nesta quinta-feira (12) mais detalhes sobre toda essa investigação serão divulgados pela polícia. 

Desde o dia do crime, Emanoela Zandomeneghe Moreira, de 23 anos, segue internada no Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra. O bebê, retirado às pressas da barriga da mãe, morreu no início da tarde de terça-feira (10). A criança, uma menina, estava internada na UTI Neonatal do hospital.

Motivo

Emanoela segue internada em estado grave Foto: Reprodução

O motivo que levou o agente penitenciário a atirar contra a própria esposa ainda não foi esclarecido. Os advogados de Rafael falaram com exclusividade para a equipe da TV Vitória/Record TV e defendem que o disparo foi acidental.

"Houve algumas confusões na casa de shows e, na volta para Vila Velha, onde ele reside, uma moto ou um automóvel estaria o perseguindo, por conta de uma confusão de trânsito, ocorrida quando eles chegaram à casa de shows. Ele disse que houve um certo entrevero entre ele e a esposa e ela teria dado um tapa, encostado na arma, e teria ocasionado o disparo", explicou o advogado Cristiano Hehr Garcia.

Segundo o advogado, Rafael está em choque e a notícia da morte do bebê o deixou ainda mais abalado. Ele disse ainda que o agente penitenciário tem dificuldade para lembrar do momento do disparo, mas contou com detalhes o que se passou em seguida.

"Quando a esposa falou que ela teria recebido o tiro e que estava sangrando, ele ficou desesperado - acho que as câmeras vão provar isso - e ele sai a 160 Km por hora, na Rodovia do Sol, em direção ao primeiro hospital disponível. Ele mandou chamar a polícia porque houve um disparo acidental", afirmou Garcia.

No entanto, policiais da DHPP colheram o depoimento de Emanoela no hospital e afirmam que ela desmentiu a versão do marido, dizendo que o tiro foi intencional. Os advogados relatam que foram acionados pela família da própria vítima, porque essa versão seria diferente da que ela contou aos familiares.

"O primeiro contato, como advogado, foi por intermédio da família dela. Inclusive ela conta uma história totalmente diferente do que saiu na imprensa", disse Garcia.

A família de Emanoela ainda não quis se manifestar sobre o ocorrido. O casal tem uma academia em Vila Velha, que permanece fechada desde então.

A reportagem da TV Vitória/Record TV entrou em contato novamente com a Polícia Civil, que informou que Rafael, informalmente, disse para a delegada de plantão que teria sido vítima de um assalto. Com isso, ao revidar, atingiu a companheira. Porém, na formalização do depoimento, ficou em silêncio. 

Já Emanoela, após passar por cirurgias, conversou com os policiais civis da DHPP e negou a versão apresentada por seu companheiro. Ela teria dito que o disparo foi durante uma discussão entre eles, na Rodovia do Sol, quando os dois voltavam de um show em Guarapari.

Processos e faltas

Rafael foi levado para a delegacia e, em seguida, encaminhado para o presídio Foto: TV Vitória

Rafael é agente penitenciário há quase nove anos e já responde a outros dois processos, ambos no sul do Estado: um em Jerônimo Monteiro, por disparo de arma de fogo, e o outro em Castelo, na saída de um show. 

De acordo com a acusação, em outra oportunidade ele teria se envolvido numa briga, dado uma coronhada em outra pessoa e se apresentado como policial civil. Nos dois processos ainda não há decisão da Justiça.

"É uma questão muito peculiar. São pessoas muito visadas e que vira e mexe são provocadas. Então questões pretéritas são questões pretéritas. O que aconteceu em outras situações estão em grau de recurso e possivelmente ele será absolvido", disse o advogado.

Além disso, desde julho de 2008, quando foi efetivado na Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Rafael faltou bastante ao serviço. De acordo com o Portal da Transparência do Governo do Estado, só de ausências injustificadas foram 75.

Os dias em que Rafael faltou por licença médica somariam mais de um ano: foram 370 dias. Isso sem contar um afastamento por decisão judicial, que aconteceu no período de 31 de março a 13 de abril de 2012.

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