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Campeão do 1º split do CBLoL 2019, Lucas 'Maestro' diz: 'Todo mundo ficou em choque'

Em entrevista exclusiva para o Geração Gamer, técnico da INTZ e-Sports falou sobre o título sobre o Flamengo e contou um pouco sobre sua carreira

Acácio Rodrigues

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram
Lucas "Maestro" após vitória sobre o Kabum! e-Sports na semana 2 do segundo split do CBLoL

Depois de vencer o Flamengo e-Sports de virada no primeiro split do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) 2019, a INTZ e-Sports consolidou de vez o nome do técnico Lucas Pierre "Maestro". A equipe tinha acabado de ser bicampeã da Superliga de LoL e procurou transferir a tranquilidade da conquista para repetir o êxito, tido em abril.

"A final contra o Flamengo foi uma experiência incrível, considerado por muitos como superior que meu time. Tínhamos de ter confiança de derrubar aquele gigante. Acho que todo mundo ficou em choque naquele dia, muitas pessoas ainda vêm falar com a gente daquela final. Finalmente depois de muitos anos de trabalho, as pessoas começaram a me reconhecer dentro do cenário", afirma.

Lucas "Maestro" começou a jogar videogame desde muito novo, por volta dos 4 anos de idade e era parceiro do pai, Alexandre Figueiredo, com joysticks nas mãos. Formado em Ciência da Computação pela USP, trabalhou até 2017, mas decidiu focar apenas no ramo de e-Sports quando se mudou para a capital paulista.

"Não sou muito de balada. Gosto de sentar e tomar um chope (risos). Sou um cara um pouco mais caseiro, mas também gosto de viajar. Eventualmente, tento viajar para ver minha família (no interior de São Paulo) ou para conhecer um lugar diferente. Sou bem eclético, mas ultimamente tenho gostado bastante de séries mais famosas, como Game of Thrones e ouço também clássicos como Michael Jackson", revelou.

Natural de Bauru (SP), o treinador de 30 anos reconhece que bater uma equipe com nome de impacto no Brasil, que estava praticamente invicta, foi algo construído já na fase final da competição. Em cinco jogos na final do split, o Flamengo venceu o primeiro e o terceiro. A reação da INTZ veio na quinta partida e surpreendeu.

"O primeiro split foi bastante complicado. Apesar da vitória, a gente veio de dificuldades muito grandes, na verdade. Não foi algo fácil, foram rachas dentro do time, complicações de arenas, muitas derrotas no começo do split também, então, a gente sempre ficava no 8 ou 80", reconhece "Maestro".

No meio do split, coube ao treinador conversar com a equipe de forma séria. "A gente encontrou uma forma mais confortável de jogar e principalmente para os jogadores conviverem entre si", disse.

Foto: Reprodução / Instagram
Time campeão do primeiro split do CBLoL 2019

A INTZ e-Sports garantiu o prêmio de R$ 70 mil e uma vaga para a Mid-Season Invitational (MSI), onde acabou eliminada na primeira fase.

Você tem sido chamado de lenda. O que acha desse apelido?

"Acho que nunca pensei em mim dessa forma. Acho que tem muita gente feliz com nosso título, ainda dão um grande apoio para a gente e para mim, principalmente. Apesar do grande momento que eu vivo na minha carreira. Está muito longe ainda de ser considerado lenda de verdade. As lendas são pessoas que já têm títulos e conquistas durante décadas, talvez. Agradeço a todos que estão me apelidando, mas ainda tem um bom caminho pela frente e espero me tornar uma lenda".

Como é sua rotina profissional?

"A minha rotina profissional como treinador é bastante puxada. Ela é uma rotina que se assemelha à de um atleta de esporte eletrônico também, é praticamente a mesma. Eu acordo cedo, faço academia ou vou correr na rua, é bom para manter a mente sã. Depois já preparo uma apresentação para fazer na parte da tarde. Próximo da hora do almoço a gente faz uma reunião e ela já tem que estar praticamente calculada pela staff. A gente fala o que vai jogar no dia e aí temos duas baterias de treino, que somam seis ou sete horas de treino focados. O mais comum é continuar trabalhando depois. Assisto bastante vídeos para aprender mais sobre as ligas nacionais e internacionais, estou sempre em bastante estudo, bastante evolução. À noite geralmente fazemos um apanhadão para saber o que deu certo ou errado naquele dia".

Encarou o confronto na rodada 2 da primeira semana do segundo split do CBLoL 2019 como uma revanche contra o Flamengo?

"De fato a final foi uma virada histórica, uma das maiores decepções da história do LoL. E acho que faz parte do que o esporte é, nem sempre o grande favorito vai chegar e vai ganhar. Na minha opinião não foi uma revanche, nem na opinião do Flamengo também. É muito difícil dizer que é uma revanche, é muito diferente, são situações diferentes. Um é melhor de cinco, final de campeonato, e o outro (no último dia 02) era apenas um jogo da primeira fase. Eles também fizeram isso no primeiro split e fomos campeões. Acho que só pode ser considerada uma revanche se isso acontecer em playoffs ou numa final".
Foto: Reprodução / Instagram

Como lidou com a equipe essas duas derrotas logo na primeira semana do segundo split (perdeu para Flamengo e Redemption W7M)?

"Essas duas primeiras rodadas foram bastante decepcionantes para a gente, apesar de termos tido uma semana difícil. Muitos jogadores ficaram doentes, inclusive eu. Tivemos problemas com as condições de treino, não conseguimos treinar muitas vezes. E para piorar, o caçador Diego "Shini" estava se recuperando de uma lesão na córnea e ficou fora da primeira partida. Na segunda, não conseguiu dar 100%. Apesar de todos esses problemas técnicos, eu, principalmente, continuo muito decepcionado com nosso desempenho. Tínhamos condições e vou cobrar para que a gente recupere o ânimo para buscar ganhar o resto do campeonato - o time venceu o Kabum! e-Sports no último sábado (08) pela semana 2 do segundo split do CBLoL".

Como foi a experiência no MSI?

"A experiência teve um pouco de cada sentimento. Foi muito bacana pela experiência em si, de estar lá disputando com os melhores do mundo, algo que todo mundo deseja e me senti muito honrado de poder representar o Brasil lá fora. É muito bacana ver todo mundo de perto, poder treinar com times mais fortes, que jogam de forma diferente da gente. Ao mesmo tempo, foi uma sensação de frustração pelo fato de não só ter perdido, como saber que perdeu podendo fazer mais. A gente poderia ter ido melhor, mesmo não chegando nas finais. Mas poderíamos ter passado pelo menos das primeiras fases. Eu poderia ter tido uma preparação melhor para o meu time, fica como experiência e esperamos fazer um trabalho melhor".

League of Legends é uma febre ainda no ramo de e-Sports?

"Não mais, porque já é um jogo bastante consolidado e já tem 9 ou 10 anos. Febre hoje são outros jogos, como Fortnite, Free Fire e outros que estão surgindo e estão angariando muitos jogadores. O LoL é um dos precursores e fez as coisas direito, que popularizou muito os esportes eletrônicos. Ele levou essa ideia de e-Sports para o resto do mundo. É sem dúvida minha maior paixão. League of Legends é minha vida hoje, tudo o que eu tenho, tudo o que consegui, devo a esse jogo".

Como enxerga esse crescimento dos e-Sports?

"Os e-Sports cresceram muito nos últimos anos, continuam crescendo, é algo exponencial. O mundo dos games é gigante dentro do entretenimento, já é maior do que o cinema, por exemplo. Movimenta uma quantidade de dinheiro muito grande. As empresas que fazem jogos já usam o ramo de e-Sports como estratégia de marketing para vendas. Enxergo de forma positivo não só o crescimento, mas também a profissionalização. Na Europa e nos Estados Unidos já existem franquias, como a NBA. É um trabalho para que todos tenham salários justos, estrutura e possam dar show para o público. A profissionalização é o que mais me chama atenção nesse crescimento".
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