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Seguindo os protocolos, instituições de ensino privadas estão prontas para iniciar ano letivo

Nas escolas particulares, as aulas começam já na próxima segunda-feira. Nas redes municipal e estadual, a retomada acontece entre 3 de fevereiro e 1º de março

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação | CEVIP

O período de volta às aulas está se aproximando e apesar desta vez o cenário ser bem diferente do comum, com novos hábitos e muitas mudanças na rotina, a expectativa para iniciar um novo ano letivo ainda é a mesma, tanto para professores, quanto para os alunos, pais e responsáveis. 

Com dois filhos em idade escolar, a esteticista Flávia Fricks conta que, apesar do esforço da instituição em manter o relacionamento de alunos e professores durante a pandemia, os filhos, Sara, de 15 anos, e Davi, de 9 anos, sentiram muito a falta do ambiente escola. Eles estudam no Centro Educacional Vicente Pelicioni (Cevip), que fica em Cariacica.

“Minha expectativa para o retorno é grande, pois as crianças sofreram muito com a ausência do convívio estudantil. Minha filha conseguiu se adaptar devido à situação, mas sempre questionando a falta das aulas presenciais. Já o meu filho, não se adaptou muito bem. A maior vontade dele era estar em sala de aula. Durante esse tempo, a escola desenvolveu um ótimo trabalho, se preocupando com o desenvolvimento dos alunos e o envolvimento da família no aprendizado das crianças” destaca.

Nas instituições de ensino privadas do Espirito Santo, o retorno acontece no dia 1º de fevereiro, em formato híbrido, que combina o ensino presencial e online. Para receber os alunos que optaram por estudar presencialmente, o Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) elaborou um rígido protocolo de biossegurança. 

>> Veja o plano estratégico de retomada gradativa e segura desenvolvido do SINEPE-ES! <<

O conjunto de medidas, que conta também com um check list, a ser preenchido pelas instituições, foi dividido em três vertentes: protocolo de saúde, pedagógico e jurídico, podendo ser adaptado para a realidade de cada instituição de ensino. O presidente do Sinepe-ES, Moacir Lellis, afirma que o protocolo de biossegurança adotado pelas escolas e faculdades segue o mesmo nível dos adotados em hospitais e unidades de saúde.

“O protocolo continua o mesmo que encerramos 2020. Como já estávamos preparados, continuamos os procedimentos, atendendo o protocolo de biossegurança, que é à nível de protocolo de hospital. O decreto do nosso governador, quando permitiu o retorno, diz que é uma opção das famílias retornar presencialmente ou permanecer remoto, então as nossas escolas vão cumprir o decreto", explica. 

A cartilha apresenta uma séria de medidas para as instituição, colaboradores e alunos da educação infantil, básica, fundamental, ensino médio e superior.  Preparar a estrutura organizacional para que os alunos mantenham distância de 1,5m entre si, deixar portas e janelas abertas e evitar formação de filas são algumas das orientações. O vice-presidente do Sinepe-ES, Eduardo Costa Gomes, explica que as instituições de ensino do Estado estão sujeitas ao mesmo protocolo e uma portaria conjunta norteia todas as questões e medidas sanitárias necessárias. 

Confira o vídeo com as explicações do Sinepe-ES para a volta às aulas:

No Cevip, escola que a Sara e o Davi estudam, um plano de ações foi criado para garantir uma retomada segura. Após a conclusão dele, funcionários, pais de alunos e os estudantes passaram por um treinamento remoto, em momentos distintos, para que todos tivessem ciência dos protocolos a serem seguidos. 

De acordo com a pedagoga do Cevip, Fabiane Heringer, o Protocolo de Segurança da covid-19 tem sido seguido na íntegra desde o início das aulas híbridas, em outubro de 2020. 

"Desde então, temos capacitado e treinado toda a equipe escolar, providenciamos EPI’s para a equipe, demarcamos os espaços físicos, colocamos placas informativas sobre a covid-19. Ainda implantamos o uso de máscara com troca após o recreio, colocamos álcool em gel em todos as dependências da escola, montamos recreios alternados para que não haja aglomeração, entre outros”, explica.

Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP

A Vanessa Corteletti, que também é pedagoga na instituição, afirma que o Cevip está preparado para receber 100% da capacidade dos alunos presencialmente, respeitando o protocolo de segurança em sua totalidade. Ela afirma que manter  os alunos e familiares motivados é um dos principais desafios deste ano letivo.

“As aulas serão no formato híbrido para atender as famílias que optarem por aulas remotas nas suas residências. Estaremos desenvolvendo ações pedagógicas para cumprir nossas metas de 2021, que é buscar um serviço de qualidade no processo de ensino e aprendizagem com um olhar humanizado. Um dos principais desafios da nossa instituição é manter os alunos e familiares motivados e comprometidos com o novo formato de ensino. Realizaremos também uma reunião de pais online com as famílias para melhor orientá-las quanto a volta às aulas”, afirma. 

Retorno 100% presencial 

Mesmo com a opção do ensino híbrido, na Escola Americana de Vitória (EAV), a previsão é de que o retorno, que também acontece no dia 1º de fevereiro, seja 100% presencial, por opção dos pais. A diretora pedagógica da escola, Andrea Buffara, explica que a instituição já passou por uma experiência prévia e o resultado foi muito positivo.

Foto: Divulgação | EAV

"Estamos trabalhando com nosso protocolo sanitário, fizemos os últimos ajustes e atualizações. Estamos conseguindo acomodar os alunos dentro dos nossos espaços, respeitando o distanciamento e os protocolos. Vamos ter um retorno presencial 100% porque os pais querem esse retorno. Se seguimos o protocolo, conseguimos garantir a segurança e conseguimos voltar. Se houver necessidade de fechar uma turma, por exemplo, a gente fecha a turma inteira”, afirma.

Para garantir a saúde e o bem-estar dos alunos e colaboradores no retorno, a EAV está seguindo rigorosos protocolos de segurança. Recentemente, todas as áreas da escola passaram por limpeza, além da higienização de aparelhos de ar condicionado. As medidas exigidas, como higienização, remarcação dos ambientes, implementação de áreas remotas para higienização, medição de temperatura ao longo de todo turno escolar e uso obrigatório de máscara, são seguidas rigorosamente. 

Foto: Divulgação | EAV

A servidora pública Júnia de Rezende Lima Perenzin, tem dois filhos matriculados na instituição, a Mariana, de 5 anos, e o Theo, de 3 anos. Ela acredita que as medidas sanitárias tomadas pela EAV têm surtido efeito, uma vez que não houve relato de contaminação dentro da escola.

"A EAV tem sido bastante exigente, com medição de temperatura, a obrigatoriedade do uso de álcool em gel, troca de sapato a cada mudança de ambiente (ex: sala de aula e parquinho); limitação de entrada de pessoas; número máximo de crianças em sala de aula; uso de máscara. Tenho uma ótima expectativa com a volta às aulas, principalmente considerando que o retorno em outubro foi muito tranquilo", afirmou. 
Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP

Diante de todos os desafios, a Escola Americana de Vitória conseguiu se reinventar, manter a qualidade do ensino e agora começa o ano letivo com uma novidade: um moderno laboratório de tecnologia e inovação em parceria com a Apple. A iniciativa torna a instituição a única unidade de ensino do Estado contemplada pelo projeto Apple Distinguished School, que está presente em vários países e oferece uma nova experiência de aprendizado.

"Esse ano nosso corpo docente está mais bem preparado tecnologicamente e vai utilizar desse conhecimento na sala de aula. Trabalhamos muito com tecnologia. No ensino fundamental II, temos o programa da Apple, por exemplo. Fizemos uma parceria e estamos trazendo esses recursos, então vamos continuar fazendo o que sempre fizemos, através de projetos e metodologias ativas de ensino”, conta Andrea.

OUÇA | Diretora pedagógica da EAV fala sobre a volta às aulas

Volta às aulas no ensino superior 

O modelo híbrido também foi adotado no ensino superior, oferecendo autonomia aos alunos, que passaram a ser agentes construtores do seu próprio conhecimento. Na Faculdade Estácio de Sá, a volta às aulas acontece no dia 22 de fevereiro, sendo parte presencial e a outra híbrida.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

No primeiro ano de graduação, o estudante de Direito da Faculdade Estácio de Sá, Matheus Miranda, de 23 anos, foi surpreendido por uma série de mudanças ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus. Ele conta que gosta do ensino presencial, principalmente por toda dinâmica de sala de aula, mas entende a importância do ensino híbrido neste momento.

“É uma nova realidade que se apresentou, desde o início, entendi que era necessário. Então tentei me adaptar às aulas na plataforma, com os professores ao vivo. Via o esforço dos professores para tentar entregar o melhor possível. Acho que a Estácio conseguiu se reinventar, conseguiu ofertar, ainda que à distância, as aulas na plataforma, no horário das aulas presenciais. Como era ao vivo podíamos tirar dúvidas, também tiveram algumas palestras ótimas, que ajudaram nas avaliações”, conta. 

O diretor da Estácio de Sá no Espírito Santo, Anderson Paulo da Cruz, conta que a instituição já estava preparada para o retorno desde o semestre passado e agora continua atenta aos decretos e às possíveis alterações. Ele destaca que todas as medidas sanitárias, como medição de temperatura, espaçamento nas salas de aula e disponibilização de álcool gel, estão sendo tomadas.

Foto: Divulgação | Estácio de Sá

"Agora, o que a gente faz é continuar atento às portarias e decretos para ver se tem alteração em algum procedimento. Se não houver, já estamos preparados, neste momento, com a parte presencial e hibrida. Se temos uma disciplina que é mais teórica, ela está nessa modalidade mediada por computador. Se é uma prática, o aluno vem para a instituição, seguindo todos os protocolos, como medição de temperatura, álcool em gel, os bebedouros adaptados e espaçamento", destaca.

Além de oferecer maior autonomia e preservar a saúde de alunos e funcionários, a aplicação do ensino híbrido teve um outro ponto positivo para a Estácio de Sá: o adiantamento de obras que já estavam previstas para acontecer no período de férias escolares.

"A gente tinha duas janelas propícias para obras, que era dezembro e janeiro, períodos característicos de férias, e o intervalo em julho, então só poderíamos fazer nessas datas ou no período noturno. Como a unidade ficou mais vazia, a gente intensificou algumas obras que já tínhamos desejo de fazer. O laboratório de Nutrição, por exemplo, já está em fase final de entrega", conta o diretor.

Divulgação | CEVIP
Divulgação | CEVIP
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Retorno na rede estadual e municipal 

Nas redes estadual e municipal de ensino, a volta às aulas em 2021 acontece entre 3 de fevereiro e 1º de março. Durante coletiva, junto com secretários de Educação da Grande Vitória e o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, afirmou que as instituições voltarão com as atividades presenciais, em modelo híbrido.

Foto: governo do ES

"A decisão consensual é de que é importante voltar às aulas presenciais, observando os protocolos e a classificação do mapa de risco. A aula presencial ou atividade presencial, é o que tínhamos antes da pandemia. O oposto, é a atividade totalmente remota. Já o híbrido, é o meio-termo. Algumas redes disseram que vão voltar presencialmente, outras remotamente e outras em modelo híbrido. A partir de março, todas voltarão", destaca o secretário.

 Afinal, o ensino híbrido pode substituir o presencial?

Diante da pandemia, suspender as aulas presenciais foi uma das medidas adotadas  para prevenir o contágio. Com isso, o ensino híbrido - já conhecido, mas pouco falado - ganhou ainda mais destaque e surgiu como uma alternativa para que o processo educacional tivesse continuidade sem grandes prejuízos aos alunos. 

O diretor acadêmico do Institute of Technology and Education (Iteduc), doutor em Educação e especialista em ensino híbrido, Ismael Rocha, explica que a modalidade não é uma novidade. Ela caracteriza-se, segundo ele, pela mudança da plataforma usada no processo de ensino-aprendizagem

Foto: Divulgação
"O ensino hibrido representa uma dinâmica de ensino-aprendizagem em diferentes plataformas. Ele não é uma novidade! Toda vez que o professor de História leva o aluno para o museu da cidade, por exemplo, a partir daí se constrói um processo de aprendizagem. Então isso é um ensino hibrido, porque nós mudamos a plataforma. A partir de agora, vamos viver um ensino híbrido virtual, onde teremos um tempo presencial e um tempo virtual", explica. 

Sobre a possibilidade do híbrido substituir a tradicional metodologia, o especialista afirma que o ensino presencial é fundamental e não vê a possibilidade de substituição, ao menos no ensino básico.

“Do ensino infantil ao médio, não vejo a menor possibilidade de abrir mão do ensino presencial. Vamos ter o presencial e o virtual, mas o primeiro é imprescindível. Ele cria uma dinâmica e é mais do que necessário, é fundamental. Não é só ensinar a fazer uma conta, tem toda uma formação socioemocional e isso compõe o processo de formação do infantil ao médio. Quando está construindo a formação intelectual e a neural, a presença do professor é mais do que necessária”, completa. 




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